Quando a candidatura presidencial de Eduardo Campos (PSB) ganhou ares de irreversível, em outubro passado, o então governador de Pernambuco era visto como uma ameaça à hegemonia eleitoral petista no Nordeste. Até agora, porém, essa hipótese não se concretizou. À exceção de Pernambuco, Campos tem na região desempenho semelhante à média nacional, segundo pesquisas feitas em Estados nordestinos nas últimas semanas.
Pernambuco é a exceção. Lá, Campos e Dilma estão tecnicamente empatados - ele tem 40% da preferência dos eleitores e ela, 39%. A presidente está isolada no primeiro lugar no resto do Nordeste. De acordo com a média das últimas pesquisas nacionais calculada pelo Estadão Dados, Campos tem hoje 10% das intenções de voto dos brasileiros. Como nos Estados nordestinos o apoio ao candidato varia entre 6% e 13%, fica claro que seu desempenho na região não é melhor que na média nacional. Isso por causa da margem de erro, que chega a 4 pontos porcentuais em alguns Estados.
Performance
É verdade, porém, que o Nordeste é onde o candidato do PSB se sai melhor em comparação ao resto do País. Diferentemente do cenário nacional, em que aparece em terceiro lugar nas pesquisas Campos está em segundo em Alagoas e na Paraíba. Mas nem isso é motivo para o candidato do PSB comemorar. Sua colocação se deve ao fato de o concorrente tucano, o senador Aécio Neves, se sair particularmente mal no Nordeste.
Os dois candidatos de oposição a Dilma estão, na verdade, tecnicamente empatados na maioria dos Estados da região. Mesmo com 20% dos votos em todo o Brasil, Aécio consegue, no máximo, 14% em colégios eleitorais nordestinos - no Maranhão e no Piauí. Em Pernambuco, terra natal de Campos e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o tucano tem votação de nanico: 3%.
Discurso
O candidato do PSB tem repetido que quer ser o candidato do Nordeste e que vai trabalhar para ganhar a eleição na região e, assim, chegar à Presidência da República. Nas duas primeiras semanas de campanha oficial, Campos visitou cinco dos nove Estados da região.
Em seu discurso, o ex-governador de Pernambuco costuma lembrar suas raízes nordestinas e afirmar que Dilma não deu ao Nordeste o mesmo valor que a região deu a ela. Campos acusa a presidente, que teve votação massiva na região em 2010, de ter investido pouco e de não ter concluído obras importantes, como a transposição do Rio São Francisco - muitas delas iniciadas ainda na gestão Lula.
Desde as eleições de 2006, o Nordeste tem sido a região de melhor desempenho eleitoral dos candidatos do PT. No primeiro turno de 2010, Dilma venceu em todos os Estados nordestinos e recebeu 55% dos votos da região.