O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, visitou nessa segunda-feira o Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e participou de cerimônia religiosa ao lado do arcebispo metropolitano da capital, dom Walmor Oliveira de Azevedo. O tucano tem por hábito ir ao santuário em todos os inícios de campanha, reproduzindo gesto do avô, Tancredo Neves. O governador do estado, Alberto Pinto Coelho (PP), os candidatos do PSDB ao governo de Minas, Pimenta da Veiga, e ao Senado, Antonio Augusto Anastasia, acompanharam Aécio na visita.
Pela manhã, no Rio de Janeiro, o candidato se encontrou com o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso. Aécio Neves criticou uma suposta demora do governo brasileiro nas negociações comerciais com os países do continente. Ao mesmo tempo, conforme o senador, a União Europeia estaria prestes a fechar acordos com os Estados Unidos e Canadá. “É mais uma demonstração do mal que essa política externa ideológica, atrasada, conduzida pelo governo brasileiro, tem causado ao país”, avaliou. Conforme o senador, o Brasil patina em três acordos bilaterais, com Egito, Palestina e Israel. “Que, vamos compreender, por mais respeito que tenhamos por essas nações, não têm impacto nas atividades econômicas do Brasil.”
Aeroporto
No Santuário da Serra da Piedade, Aécio falou sobre a reforma pelo estado, no período em que foi governador de Minas, do aeroporto de Cláudio, na Região Centro-Oeste, município onde a família do senador tem fazenda. A obra custou quase R$ 14 milhões e foi concluída em 2014. O tucano negou irregularidades e disse estar disposto a responder questões a serem apresentadas pelo Ministério Público Estadual (MPE), que abriu procedimento para investigar a obra. “Nada melhor do que isso para mostrar a lisura desse procedimento”, afirmou.
Segundo a denúncia, publicada na Folha de S. Paulo, a área em que está o aeroporto era de um tio-avô do senador, que teve o terreno desapropriado, mas contesta na Justiça o valor pago pelo governo, de R$ 1 milhão. Os familiares do parlamentar, conforme a denúncia, ficam com a chave do portão do aeroporto. Ontem, Aécio disse que a responsável pelo aeroporto é a Prefeitura de Cláudio.
O senador atribuiu a denúncia a “pessoas sem qualquer compromisso com a verdade ou com os fatos” e disse lamentar que a reportagem tenha surgido durante o período próximo ao pleito de outubro. “Em nenhum momento durante a licitação, pública, aberta, surgiu qualquer dúvida. Compreendo, estamos em processo eleitoral, e estou sempre disposto a dar todas as explicações, mas vamos enfrentar incompreensões”, disse. “O que represento hoje é uma mudança estrutural do país, sei o que isso significa para os nossos adversários, a nossa eleição”, acrescentou. Questionado se achava que o PT – o principal rival do tucano na disputa presidencial – seria o autor da denúncia, Aécio disse não saber quem poderia estar envolvido no episódio.
Na tarde dessa segunda-feira, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que vai investigar se ocorreram pousos e decolagens no aeroporto de Cláudio. De acordo com a agência, como o aeroporto não foi liberado pelo órgão de fiscalização, na prática ele não existe e todas as operações feitas no local são clandestinas.