Brasília – Dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) permitem ver algumas características do “candidato médio” que se inscreveu para participar da disputa de outubro. Ele é homem (70,3% do total em todos os cargos), declara ter ensino superior completo (45,8%) e tem entre 45 e 49 anos (é a faixa etária mais comum, representada por 17% dos concorrentes), embora a idade avance um pouco nos cargos majoritários, como os de senador.
O cargo com o maior número de candidatos é o de deputado estadual, que será disputado por pouco mais de 65% dos postulantes, ou 16.246 pessoas. O hipotético “candidato médio” é empresário, ocupação declarada por 9,3%. Em seguida, aparecem outras profissões tradicionais entre os políticos, como a de advogado (5,5% do total), servidor público e professor. Curiosamente, 1.067 pessoas, ou 4,2% do total, disseram ser “deputados”, como se o cargo fosse uma profissão. Outros 1.050 candidatos adotaram vereador como profissão. A disponibilização dos dados dos 24.917 candidatos na internet foi concluída pela Justiça Eleitoral brasileira na tarde de segunda-feira.
A quantidade de candidatos é a primeira surpresa: o número é ligeiramente maior do que o de 2010, quando 22.538 cidadãos disputaram as eleições gerais. Nunca antes tanta gente quis conquistar um cargo eletivo, mesmo que eles, os políticos, tenham saído com a imagem mais arranhada dos protestos de junho do ano passado.
Outra mudança significativa diz respeito aos partidos. Em 2010, o campeão em número de candidatos foi o Partido Verde, que então abrigava a candidatura à presidência da ex-senadora Marina Silva. Agora, em 2014, os petistas serão maioria entre os candidatos aos diversos cargos em disputa. Já o PSB, partido pelo qual Marina concorre à vice-presidência este ano, saltou do quinto para o segundo lugar em número de candidatos.
“Formiguinha”
Entre cientistas políticos, há divergências quanto à importância do número de candidatos para o desempenho dos candidatos à Presidência da República. Para Ricardo Caldas, a principal influência é nas eleições proporcionais (para deputados estaduais e federais), em que o maior número “significa apenas que o partido arregimentou mais candidatos. E não necessariamente impacta nas eleições majoritárias”. “O maior impacto é nas proporcionais. É a chamada ‘estratégia formiguinha’. Quando o partido não tem um nome forte, um ‘puxador’, ele investe em várias candidaturas que o ajudem a atingir o coeficiente eleitoral, nas eleições proporcionais, para eleger parlamentares”, diz.
Já para o analista Antônio Augusto de Queiroz, mais conhecido como Toninho do Diap, faz sentido que os partidos com candidatos à Presidência tentem garantir apoios locais com os concorrentes proporcionais. “Esses candidatos servem de suporte para os presidenciáveis em seus estados e em suas localidades”, sustenta ele. O grande número de postulantes também traria outros “efeitos colaterais” importantes para os partidos, segundo Toninho. “A votação do partido na disputa pelo Congresso também impacta a fatia que ele vai receber do fundo partidário e no tempo de tevê do horário partidário regular. Então, esse é outro fator que faz com que os partidos busquem aumentar a quantidade de candidatos tanto quanto possível”, diz.
O pequeno Psol, com apenas três representantes na Câmara dos Deputados, é o partido com o maior número de candidatos a governador, tendo se apresentado para a disputa em 26 estados e no Distrito Federal. Na corrida pelo Senado, outra pequena legenda de esquerda terá o maior número de postulantes: o PSTU terá candidatos em 20 unidades da Federação, apesar de não ter nenhum representante no parlamento atualmente. O Psol vem logo pouco atrás, com 19 concorrentes ao Senado. O cientista político e professor da UnB Ricardo Caldas lembra que a tática já foi vista em outros anos. “É uma estratégia voltada para a valorização da imagem do partido.
Entre os partidos com as maiores bancadas no Congresso, o maior número de candidatos a governador pertence ao PMDB, com nomes próprios em 18 estados. Em seguida vem o PT, com 17, e o PSDB, com 12.
Candidatos em 2014
Ao todo, 24.917 políticos se inscreveram para concorrer a algum cargo eletivo em outubro. Veja alguns dados sobre esses candidatos:
Cargos – Mais de 65% dos candidatos registrados em 2014 disputarão um cargo de deputado estadual: são 16.246 postulantes para as 1.035 vagas em disputa nas assembleias legislativas de todo o país. Proporcionalmente, porém, a maior concorrência é para a Câmara Legislativa do DF: são cerca de 41,7 candidatos para cada uma das 24 cadeiras.
Partido – Nestas eleições, o PT será o partido com o maior número de candidatos: são 1.323 pessoas concorrendo pela sigla, em todos os cargos, representando 5,3% dos postulantes. Em seguida vem o PSB, com 1.264 candidatos (5,07% do total), o Psol, com 1.220 candidaturas (4,9%) e o PMDB, com 1.198 (4,81%).
Ocupação – A categoria com o maior número de representantes em 2014 é a dos empresários, com 9,3% dos candidatos, ou 2.320 pessoas. Em seguida vêm os advogados, com 5,54% dos postulantes. Curiosamente, o terceiro maior número é o dos que têm a política como ofício: 4,2% informaram exercer a “profissão” de deputado.
Gênero – Os homens são maioria entre os postulantes. Apenas 29,7% dos candidatos são mulheres, em todos os cargos. Os maiores números de mulheres são nas candidaturas para deputados federais (30,4%) e deputados estaduais (30%), dentro do estabelecido atualmente pela Lei Eleitoral, que exige pelo menos 30% de mulheres candidatas nos cargos proporcionais. A menor proporção de mulheres é na disputa para governador: apenas 9,9% são do sexo feminino.
Idade – A faixa etária mais comum é a de 45 a 49 anos, com 17,06% dos candidatos. Em seguida vêm os postulantes com idade entre 50 e 54 anos, com 16,29%. A média de idade é um pouco maior nos cargos majoritários (presidente, senadores e governadores). Entre os senadores, a faixa de idade mais comum é entre 50 e 54 anos.
Fonte: Estatísticas eleitorais do TSE
O cargo com o maior número de candidatos é o de deputado estadual, que será disputado por pouco mais de 65% dos postulantes, ou 16.246 pessoas. O hipotético “candidato médio” é empresário, ocupação declarada por 9,3%. Em seguida, aparecem outras profissões tradicionais entre os políticos, como a de advogado (5,5% do total), servidor público e professor. Curiosamente, 1.067 pessoas, ou 4,2% do total, disseram ser “deputados”, como se o cargo fosse uma profissão. Outros 1.050 candidatos adotaram vereador como profissão. A disponibilização dos dados dos 24.917 candidatos na internet foi concluída pela Justiça Eleitoral brasileira na tarde de segunda-feira.
A quantidade de candidatos é a primeira surpresa: o número é ligeiramente maior do que o de 2010, quando 22.538 cidadãos disputaram as eleições gerais. Nunca antes tanta gente quis conquistar um cargo eletivo, mesmo que eles, os políticos, tenham saído com a imagem mais arranhada dos protestos de junho do ano passado.
Outra mudança significativa diz respeito aos partidos. Em 2010, o campeão em número de candidatos foi o Partido Verde, que então abrigava a candidatura à presidência da ex-senadora Marina Silva. Agora, em 2014, os petistas serão maioria entre os candidatos aos diversos cargos em disputa. Já o PSB, partido pelo qual Marina concorre à vice-presidência este ano, saltou do quinto para o segundo lugar em número de candidatos.
“Formiguinha”
Entre cientistas políticos, há divergências quanto à importância do número de candidatos para o desempenho dos candidatos à Presidência da República. Para Ricardo Caldas, a principal influência é nas eleições proporcionais (para deputados estaduais e federais), em que o maior número “significa apenas que o partido arregimentou mais candidatos. E não necessariamente impacta nas eleições majoritárias”. “O maior impacto é nas proporcionais. É a chamada ‘estratégia formiguinha’. Quando o partido não tem um nome forte, um ‘puxador’, ele investe em várias candidaturas que o ajudem a atingir o coeficiente eleitoral, nas eleições proporcionais, para eleger parlamentares”, diz.
Já para o analista Antônio Augusto de Queiroz, mais conhecido como Toninho do Diap, faz sentido que os partidos com candidatos à Presidência tentem garantir apoios locais com os concorrentes proporcionais. “Esses candidatos servem de suporte para os presidenciáveis em seus estados e em suas localidades”, sustenta ele. O grande número de postulantes também traria outros “efeitos colaterais” importantes para os partidos, segundo Toninho. “A votação do partido na disputa pelo Congresso também impacta a fatia que ele vai receber do fundo partidário e no tempo de tevê do horário partidário regular. Então, esse é outro fator que faz com que os partidos busquem aumentar a quantidade de candidatos tanto quanto possível”, diz.
O pequeno Psol, com apenas três representantes na Câmara dos Deputados, é o partido com o maior número de candidatos a governador, tendo se apresentado para a disputa em 26 estados e no Distrito Federal. Na corrida pelo Senado, outra pequena legenda de esquerda terá o maior número de postulantes: o PSTU terá candidatos em 20 unidades da Federação, apesar de não ter nenhum representante no parlamento atualmente. O Psol vem logo pouco atrás, com 19 concorrentes ao Senado. O cientista político e professor da UnB Ricardo Caldas lembra que a tática já foi vista em outros anos. “É uma estratégia voltada para a valorização da imagem do partido.
Entre os partidos com as maiores bancadas no Congresso, o maior número de candidatos a governador pertence ao PMDB, com nomes próprios em 18 estados. Em seguida vem o PT, com 17, e o PSDB, com 12.
Candidatos em 2014
Ao todo, 24.917 políticos se inscreveram para concorrer a algum cargo eletivo em outubro. Veja alguns dados sobre esses candidatos:
Cargos – Mais de 65% dos candidatos registrados em 2014 disputarão um cargo de deputado estadual: são 16.246 postulantes para as 1.035 vagas em disputa nas assembleias legislativas de todo o país. Proporcionalmente, porém, a maior concorrência é para a Câmara Legislativa do DF: são cerca de 41,7 candidatos para cada uma das 24 cadeiras.
Partido – Nestas eleições, o PT será o partido com o maior número de candidatos: são 1.323 pessoas concorrendo pela sigla, em todos os cargos, representando 5,3% dos postulantes. Em seguida vem o PSB, com 1.264 candidatos (5,07% do total), o Psol, com 1.220 candidaturas (4,9%) e o PMDB, com 1.198 (4,81%).
Ocupação – A categoria com o maior número de representantes em 2014 é a dos empresários, com 9,3% dos candidatos, ou 2.320 pessoas. Em seguida vêm os advogados, com 5,54% dos postulantes. Curiosamente, o terceiro maior número é o dos que têm a política como ofício: 4,2% informaram exercer a “profissão” de deputado.
Gênero – Os homens são maioria entre os postulantes. Apenas 29,7% dos candidatos são mulheres, em todos os cargos. Os maiores números de mulheres são nas candidaturas para deputados federais (30,4%) e deputados estaduais (30%), dentro do estabelecido atualmente pela Lei Eleitoral, que exige pelo menos 30% de mulheres candidatas nos cargos proporcionais. A menor proporção de mulheres é na disputa para governador: apenas 9,9% são do sexo feminino.
Idade – A faixa etária mais comum é a de 45 a 49 anos, com 17,06% dos candidatos. Em seguida vêm os postulantes com idade entre 50 e 54 anos, com 16,29%. A média de idade é um pouco maior nos cargos majoritários (presidente, senadores e governadores). Entre os senadores, a faixa de idade mais comum é entre 50 e 54 anos.
Fonte: Estatísticas eleitorais do TSE