A principal reclamação de Sauer é por ter sido responsabilizado ao mesmo tempo que o Conselho de Administração da empresa, na época presidido pela presidente Dilma Rousseff, foi isentado de qualquer penalidade. "O TCU excluiu o conselho de administração, mas toda decisão de aquisição é do conselho, como está previsto no estatuto da empresa. Sinto-me nas mesmas condições. Não fiscalizava colegas. O meu alcance como membro do conselho da diretoria executiva era muito limitado", contestou.
Segundo Sauer, o resumo das condições de compra da refinaria, tema de três reuniões do conselho de administração em 2006, não trazia informações sobre as duas cláusulas contestadas pelo TCU e também sobre a diferença do valor de aquisição da usina pela Astra Oil, vendedora da unidade para a Petrobras, e o de venda para a estatal.
A Astra Oil teria adquirido a refinaria por US$ 42,5 milhões e vendido a US$ 360 milhões. As duas cláusulas - Put Option e Marlim - previam, respectivamente, que em caso de desacordo entre os sócios, a outra parte, no caso a Petrobras, deveria ficar com o restante das ações; e a garantia de retorno à Astra Oil de 6,9% ao ano.
"Toda documentação que recebi indicava que a aquisição estava absolutamente dentro das premissas do plano estratégico da empresa, que visava valorizar o óleo de Marlim (campo da Bacia de Campos, cujo petróleo seria refinado em Pasadena) e atender ao mercado mais ativo da época, o do Golfo do México (nos Estados Unidos)", argumentou o ex-diretor.
Ele lembra que, na época em que o negócio foi fechado, a Petrobras vendia o petróleo de Marlim aos Estados Unidos com deságio de até US$ 10 dólares e que, por isso, a melhor opção seria refiná-lo já no mercado norte-americano para vender o derivado, de maior valor agregado do que a matéria-prima, o petróleo.
A documentação examinada pelo conselho de diretores, diz Ildo, foi a mesma apresentada ao conselho de administração e trazia pareceres jurídicos, financeiros e socioambientais, que indicavam que o negócio era "altamente favorável à Petrobras".
Ele alega que, como diretor de uma área que não estava diretamente ligada ao negócio, não examinava diretamente o assunto.
Como fatos posteriores, ele cita a inclusão das duas cláusulas questionadas pelo TCU, que teriam sido desfavoráveis à estatal - Put Option e Marlim. Afirma também que as condições precárias dos equipamentos adquiridos não estavam informados nos relatórios relativos ao negócio. E se isenta também de posteriores compromissos adicionais ao contrato. Além disso, ressalta que, após tantos anos, o cenário na indústria do petróleo mudou, o que tornou a compra um mau negócio..