A Polícia Federal suspeita que o engenheiro Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, e o doleiro Alberto Youssef - alvos da operação Lava Jato - empenharam-se na montagem de complexo esquema de criação de offshores para blindagem de patrimônio e ocultação de valores ilícitos doados a políticos e partidos.
A maior parte do dinheiro, para os investigadores, teria origem em supostos desvios de contratos da estatal com empreiteiras e fornecedoras. Essas offshores (empresas de fachada) teriam sido usadas para a remessa de dinheiro para o exterior. Pelo menos duas já são citadas em uma ação penal instaurada contra o doleiro: DGX Imp and Exp Limited e RFY Imp. Exp. Ltd.
Por meio delas, de junho de 2011 a março de 2014, Youssef teria lavado dinheiro supostamente desviado da Petrobrás. Os investigadores rastrearam pelo menos US$ 78,2 milhões enviados por meio de 1.114 contratos de câmbio fraudulentos, que simulavam importações.
Costa está com US$ 23 milhões bloqueados na Suíça. Youssef está com US$ 5 milhões congelados naquele país. A suspeita é que as offshores foram usadas para movimentação desses valores.
A avaliação dos investigadores foi feita a partir da análise dos documentos aprendidos no dia 17 de março, quando a Operação Lava Jato foi desencadeada. Entre esses papéis estão a agenda pessoal de Costa e uma planilha de duas páginas com anotações manuscritas, esta encontrada em poder de um ex-aliado do ex-deputado José Janene (PR) que, no escândalo do mensalão federal, era o líder do PP na Câmara.
Janene, que morreu em setembro de 2010, era amigo e mantinha negócios com Youssef. A PF e a Procuradoria da República cravam que Youssef e Costa foram os mentores de organização criminosa que se teria infiltrado em órgãos públicos e na própria Petrobrás.
Conexão
Os investigadores cruzaram informações da planilha do ex-assessor de Janene e da agenda de Costa e identificaram menção a offshores para lavar o dinheiro que teria como fonte pelo menos seis empresas citadas no documento.
A planilha, juntada a um inquéritos instaurado há três meses sobre a lavagem do dinheiro, representa para os agentes indício forte da colaboração de campanha para candidatos. Nela há nomes de doadoras e executivos supostamente ligados a Costa. Eles deverão ser ouvidos no inquérito. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.