Em nota, a Prefeitura afirmou que "não possui mais convênio com a Tesloo". "Apesar de Rodrigo Bethlem não ocupar mais cargo na prefeitura, o município espera que o deputado preste os esclarecimentos necessários sobre as denúncias em questão".
A ONG era administrada pelo major da reserva Sérgio Pereira de Magalhães Júnior, suspeito de integrar uma milícia. O deputado, é candidato à reeleição, divulgou um comunicado em seu site oficial e nas redes sociais em que afirma que as acusações "são infundadas" e "a própria autora (Vanessa Felippe, sua ex-mulher) adiantou-se em desmenti-las, alegando tê-las feito num momento de grave confusão mental, que resultou em três tentativas de suicídio. A última há poucos dias". O parlamentar não foi localizado neste Sábado.
Bethlem também divulgou imagens de uma declaração assinada pela ex-mulher e um atestado médico assinado pela psiquiatra Rosaria Gomes sobre o tratamento ao qual Vanessa está submetida há duas semanas. "Os documentos médicos (...) demonstram, à exaustão, que se trata de uma pessoa que necessita de um tratamento sério e, também, compaixão, dado que não se encontra em pleno controle de sua saúde mental". O atestado, reproduzido no perfil de Bethlem no Facebook, afirma que Vanessa sofre de "transtorno de personalidade borderline".
Denúncia
Em conversa gravada pela ex-mulher (segundo ela, em novembro de 2011) e divulgada nesta sexta-feira pela revista Época, Bethlem admite ter aberto conta bancária na Suíça e afirma ganhar cerca de R$ 85 mil por mês além do salário.
Na conversa, o deputado sugere que parte de sua renda vinha da propina oriunda de contratos firmados pela secretaria, entre eles um convênio para cadastrar beneficiários do Programa Bolsa Família. Na ocasião, o então secretário era recém-separado e discutia com a ex-mulher, Vanessa (filha do vereador e atual presidente da Câmara do Rio, Jorge Felippe), a divisão de bens do casal e a pensão a ser paga por ele.
Vanessa guardou a gravação desde 2011, mas em junho passado decidiu mostrá-la à revista Época. Na conversa, o então secretário afirma que sua "principal fonte de renda" era o dinheiro proveniente de um dos contratos da pasta. Vanessa pergunta quanto esse convênio rendia. "Em torno de R$ 65 mil, R$ 70 mil. Depende do que ele (o contratado) receber. Se prestar contas e não tiver executado todo o serviço, tem uma glosa", responde Rodrigo.
Ele não conta na conversa qual é a empresa que pagaria essa propina. Pelas características, parece se referir à ONG Tesloo, contratada para cadastrar famílias de baixa renda por R$ 9,68 milhões e já investigada em razão de denúncias de desvio de dinheiro em convênios com a Prefeitura do Rio.
Pelo que Bethlem diz à ex-mulher, ele emitia a autorização para que a secretaria pagasse a empresa e, em troca, recebia uma parte do valor pago. Vanessa somou os rendimentos mensais de Rodrigo, que então recebia R$ 18 mil como deputado federal licenciado, e concluiu que ele ganhava R$ 103 mil. Pediu, então, a metade disso (R$ 51,5 mil). Após negociação, ela passou a receber R$ 20 mil, pagos em dinheiro, em notas de R$ 100..