São Paulo, 27 - O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), pode estar em baixa com a população da capital - de acordo com recente pesquisa Datafolha, a gestão do petista é reprovada por 47% dos paulistanos -, mas não vai ser deixado de lado por seu partido nas eleições gerais deste ano. "Não vamos fazer de conta que o Haddad não é nosso", garantiu ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o presidente do PT em São Paulo, Emídio de Souza, e coordenador-geral da campanha do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha ao Palácio dos Bandeirantes.
Segundo Emídio, a ideia é resgatar a imagem do prefeito e mostrar os feitos de sua gestão no horário eleitoral gratuito deste pleito. Usando a metáfora preferida de seu pai, a de que não se acende uma vela para deixá-la debaixo da mesa, o dirigente alega que o prefeito tem realizado uma gestão eficiente, com propostas inovadoras para o futuro da cidade, porém é avesso à propaganda de seus feitos. "Ao contrário de Alckmin (governador tucano e candidato à reeleição) que realiza uma administração medíocre, baseada no puro marketing", alfineta.
Com relação à gestão Haddad, pesquisas internas do partido apontam que muitas das políticas adotadas por Haddad na cidade possuem alto índice de aprovação, mas por falta de uma política de divulgação, o prefeito não colhe esses frutos. "Vamos usar a campanha eleitoral deste ano para mostrar que Haddad tem políticas bem-sucedidas. Em um ano e meio, por exemplo, ele bateu a meta proposta para o mandato de corredores de ônibus", exemplifica.
O programa do horário eleitoral gratuito do PT em São Paulo deve destacar ainda outras ações do prefeito, como o fim da aprovação automática e o fato de que a prefeitura vai bater a meta de 10% de coleta seletiva antes do prazo previsto. "Não vamos esconder o Haddad, vamos resgatá-lo", reitera Emídio.
Recentemente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou publicamente Haddad para que falasse mais à população de seus programas de governo. No primeiro ato da campanha de Padilha, no centro de São Paulo, no dia 18 de julho, o palanque foi formado justamente por Lula, Padilha e Haddad. Na ocasião, em seu discurso, Lula afirmou que Haddad está apanhando "de manhã, de tarde e de noite" e que agora não era mais a hora de dar a outra face do rosto. "Temos que reagir", disse o ex-presidente.
Dilma
Na tentativa de aumentar o índice de intenção de voto do candidato do PT ao governo de São Paulo, a presidente Dilma também deverá dar uma força, embarcando na campanha no Estado. Em reunião nesta semana em Brasília, Dilma foi enfática ao afirmar que quer ir para a rua. A cúpula petista, inclusive, já fechou uma agenda de Dilma e Padilha para uma caminhada no dia 9 de agosto, provavelmente em Osasco (SP). Falta, contudo, definir questões essenciais para quem comanda o País, como uma estratégia de segurança que permita à presidente colocar em prática o desejo de estar no 'olho a olho' com o eleitorado.
Durante uma caminhada este mês, no Rio de Janeiro, o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, afirmou que a presidente não tem condições de andar na rua e ter contato direto com o eleitor. Na sexta-feira, 25, em uma agenda no Morro do Vidigal, também no Rio, o tucano voltou a repetir a crítica, dizendo que ela "tem dificuldade de se apresentar à população, por isso tem privilegiado reuniões em locais fechados, cercada de aliados". O desejo de Dilma é provar justamente o contrário e, nessa estratégia, o Estado de São Paulo terá uma atenção especial, visto que a rejeição da petista é alta no Estado que concentra 22,4% do eleitorado. Segundo a última pesquisa Datafolha, no primeiro turno, Dilma e Aécio têm, cada um, 25% dos votos no Estado. Na simulação de segundo turno o tucano vence a petista por 50% a 31%.