Rio - O deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB), acusado de corrupção em gravações feitas pela ex-mulher Vanessa Felippe, declarou à Justiça ter guardados em casa R$ 100 mil em dinheiro vivo.
Feitas secretamente por Vanessa, imagens mostram a ex-mulher recebendo o pagamento de pensão, presumivelmente enviado por Bethlem por meio de um assessor do parlamentar. Seriam R$ 20 mil em notas de R$ 100, que ela conta diante da câmera. Em gravações divulgadas pelas revistas "Época" e "Veja" no fim de semana, Bethlem, em conversa com Vanessa, gravada supostamente em 2011, admite receber comissões ilegais de cerca de R$ 85 mil mensais pelo pagamento de contratos que firmou na Prefeitura e declara ter uma conta bancária na Suíça. Ele lembra uma discussão anterior com a ex-mulher, sobre legalização da pensão. Vanessa exigiria que tudo fosse oficializado.
"Eu falei: 'Vanessa, no papel eu não vou colocar porque não há condições de colocar isso no papel.
Depois da publicação, o parlamentar divulgou um comunicado em seu site oficial e nas redes sociais em que afirma que as acusações "são infundadas". Diz ainda que "a própria autora adiantou-se em desmenti-las, alegando tê-las feito num momento de grave confusão mental, que resultou em três tentativas de suicídio". Bethlem também divulgou imagens de declaração escrita de Vanessa e de um atestado assinado pela psiquiatra Rosaria Gomes. A médica fala no documento de um tratamento ao qual a denunciante estaria se submetendo, porque sofreria de "transtorno de personalidade borderline".
Crescimento
Já em 2006 Bethlem declarara ter R$ 36 mil em dinheiro vivo. Entre esse ano e 2014, o patrimônio do deputado passou por uma montanha russa, segundo análise das declarações que apresentou à Justiça Eleitoral para ser candidato. De R$ 229.616,20 que em 2006 disse ter, foi a zero em 2010 (quando não declarou nada) e a R$ 438.843,97 este ano. O crescimento 2006/2010 foi de 91% entre as declarações apresentadas em 2006 e 2014. Seus gastos oficiais de campanha subiram mais 271%, de R$ 237.438,67 em 2006 para R$ 880.965,17 em 2010.
Entre sua última disputa eleitoral e a atual, Bethlem licenciou-se da Câmara entre 1º de março de 2011 ea 3 de abril de 2014, para assumir no Rio os cargos de secretário municipal de Assistência Social e de Governo. Antes, também se licenciara da suplência para ser secretário de Ordem Pública, de janeiro de 2009 a outubro de 2010.
Foi nesse cargo, no primeiro governo Paes, que Bethlem conduziu um dos programas-símbolo da gestão do prefeito: o Choque de Ordem. Seus alvos eram ambulantes, ocupações irregulares do espaço urbano, população de rua. À frente da Secretaria de Assistência Social, o hoje deputado conduziu outra iniciativa estratégica do governo Paes, o recolhimento e internação compulsórios de menores de idade usuários de crack. As duas iniciativas sofreram muitas críticas.
Reação
No sábado, 26, Paes se declarou "estarrecido, chocado e surpreso" com "as notícias assombrosas" e garantiu que a "aproximação (pessoal) com o prefeito não isenta ninguém de investigação". A Controladoria-Geral do Município (CGM) do Rio anunciou que realizará uma "auditoria especial" a partir desta segunda-feira, 28, para verificar todos os contratos assinados por Bethlem enquanto esteve na prefeitura.
A Tesloo foi contratada para cadastrar famílias de baixa renda por R$ 9,68 milhões e já era investigada em razão de denúncias de desvio de dinheiro em convênios com a Prefeitura do Rio. (Colaborou Fábio Grellet)
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