O dono da "Casa de Eduardo e Marina" inaugurada nesta segunda-feira, 28, pelo candidato a presidente Eduardo Campos e sua vice Marina Silva, Edvaldo Sevino, deu a entender em gravação em vídeo para a própria equipe de campanha que teria uma expectativa de retorno financeiro em ceder o espaço de sua residência, em Osasco, na Grande São Paulo.
Aos moldes das "Casas de Marina", em 2010, as casas são espaços que a campanha chama de "autorais", em que cidadãos comuns abrem suas residência e envolvem-se voluntariamente com atividades da campanha.
Quando a gravação foi feita, Campos já havia seguido para outro compromisso. Marina, ao saber do ocorrido, ficou visivelmente irritada e disse a um assessor: "Isso é muito grave".
Pouco depois, questionada por jornalistas sobre o episódio, Marina disse que a questão será apurada mas que é uma prática rechaçada por ela e pela Rede Sustentabilidade. "Não trabalhamos dessa forma, nunca fizemos esse tipo de coisa e isso nem pode de acordo com a lei", disse Marina. "Se existe essa expectativa (de retorno financeiro), essa expectativa é com certeza frustrada do ponto de vista dos nossos valores éticos, do ponto de vista do conceito do que são as casas e do ponto de vista legal", completou.
Marina argumentou ter ficado evidente que nem ela nem a equipe de campanha estavam sabendo de qualquer possível oferta de compensação financeira a Sevino, pois foi a própria equipe de filmagem da campanha fez a gravação. Marina lembrou também que ela havia ficado "emocionada" quando Sevino contou a ela na inauguração quanto ganhava por um dia de trabalho e que havia abdicado de trabalhar hoje para participar do evento.
A candidata a vice-presidente fez ainda uma ressalva para que se considere as condições de vida de Sevino e a cultura política do Brasil. "Infelizmente eles estão acostumados com o padrão de campanha feito por muitos segmentos", afirmou Marina.
Amigo do dono
O amigo de Sevino, José Ângelo da Silva, conhecido como "Pernambuco", participou ativamente da inauguração, inclusive interagindo com Campos e Marina. Ele teria indicado a Sevino para abrir a casa, alegando não ter espaço em sua própria residência.
Pernambuco é hoje militante do PSB.
Presente ao evento, Mota negou ter mantido contato com Pernambuco e disse que ele não é contratado por sua campanha para deputado. "Isso (pagamento para quem cede a casa) não existe, não procede, é um absurdo", disse Mota.
Mota afirmou ainda que há centenas de casas cadastradas na região, com interesse dos donos de fazerem uma "Casa de Eduardo e Marina" e que a de Sevino foi escolhida "por acaso". Segundo Mota, seu time foi avisado ontem da "urgência" de escolher uma casa da região para a agenda de Eduardo Campos e Marina Silva..