O candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves, anunciou ontem a proposta de um novo programa social para o país, chamado Família Brasileira. Em corpo a corpo em Curitiba, ao lado do governador Beto Richa (PSDB), o tucano afirmou que apresentará ao longo da campanha suas ideias para que a vida da população mais pobre avance nos índices de qualidade de vida. “Vamos classificar a precariedade e as demandas das famílias que estão hoje no cadastro único em cinco níveis. Porque, na nossa visão, a pobreza não pode ser analisada e cuidada apenas na vertente da privação da renda. Temos que falar da privação de serviços de qualidade e da privação de oportunidades também”, afirmou Aécio.
CAOS E DISCRIMINAÇÃO
Ele voltou a criticar a condução econômica do governo Dilma Rousseff (PT) e se disse “imensamente preocupado com o Brasil”, ao comentar os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o desempenho da indústria. Os números, divulgados na sexta-feira, apontam que no mês de junho a produção industrial foi a pior desde setembro de 2009. “São dados dramáticos. Nós tivemos uma perda no último ano de 36% na indústria automotiva no Brasil. Estamos tendo um caos na indústria brasileira”, afirmou.
O tucano também criticou o gestão econômica do PT nos últimos anos e citou o baixo crescimento e o aumento da inflação como índices preocupantes para a população. Ele também criticou a presidente Dilma por não se posicionar sobre dados negativos de seu governo. “O Brasil é o país que menos cresce em toda a nossa região. Nós estamos de novo tendo o fantasma da inflação a assombrar a vida das famílias brasileiras. O clima de pessimismo ronda todos os setores da economia e também da sociedade brasileira. Era sobre esses assuntos que nós esperávamos ouvir a palavra da presidente e que, infelizmente, não veio”, criticou Aécio.
Em discurso ao lado do governador do Paraná Beto Richa e parlamentares do estado, Aécio afirmou que o governo federal tem deixado de lado as demandas do estado e prometeu acabar com a discriminação que o Paraná estaria submetido pela administração petista. “Eu vou reconciliar o Paraná com o governo ferderal. Não é justo, não é digno o que fizeram ao longo desses últimos anos. O Paraná é o quinto estado que mais contribui em receitas para a União e é apenas o 23% a receber de volta o fruto do trabalho paranaense”, disse Aécio.
Na parte da tarde, o tucano esteve em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde participou de caminhada ao lado da candidata ao governo gaúcho Ana Amélia Lemos (PP). Em comício no Ginásio Gigantinho ele destacou a importância de que o próximo governo discuta com os estados as mudanças necessárias no pacto federativo, garantindo aos municípios e estados uma capacidade maior de fazer seus próprios investimentos sem ficar dependentes da União.
CPI da Petrobras
A Coligação Muda Brasil, do candidato Aécio Neves (PSDB), divulgou nota ontem em que defende uma investigação profunda das denúncias de que houve farsa nos depoimentos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. As denúncias foram reveladas pela revista Veja neste fim de semana. A publicação teve acesso a uma gravação apócrifa em que o chefe do escritório da Petrobras em Brasília, José Eduardo Sobral Barrocas, conversa com Bruno Ferreira, advogado da estatal, sobre a combinação de depoimentos de servidores públicos e diretores da empresa nas sessões da CPI. No vídeo, Barrocas revela que houve combinação entre perguntas e respostas e treinamento para os depoentes. Em campanha em Porto Alegre, Aécio afirmou que se as denúncias forem comprovadas, são de “extrema gravidade”. “Se de fato isso ocorreu, é um enorme desrespeito. Uma verdadeira farsa”, disse. Segundo ele, o partido vai ingressar na segunda-feira com representações nos conselhos de ética do Senado, da Presidência da República e da Petrobras cobrando apuração do caso.