Para os quatro candidatos mais bem colocados nas pesquisas de opinião, trata-se de um divisor de águas. A entrada em cena das TVs é vista como o gatilho que desperta o interesse do público pela campanha. O início da cobertura diária pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, é o momento mais aguardado. A atração conta com uma audiência média de 25 pontos no Ibope - quase dois milhões de pessoas. As demais emissoras também começam a partir de amanhã a intensificar a cobertura dos candidatos e a sabatiná-los nas bancadas de seus telejornais.
Com 11 minutos e 48 segundos diários, a presidente Dilma Rousseff (PT) ocupará sozinha quase metade do espaço do horário eleitoral gratuito. Mas, nas próximas duas semanas, todos terão tratamento isonômico das TVs, o que é exigido pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Para otimizar esse espaço, os estrategistas dos candidatos vão finalmente começar a priorizar agendas públicas e de rua, mas com estratégias diferentes. "O senador Aécio Neves (candidato do PSDB à Presidência) aparecerá em eventos de rua e terá muito contato com o povo.
Segundo aliados de Aécio, a tática das próximas semanas foi revista em função do horário nobre. A ideia inicial era começar na primeira semana de agosto um giro pelo Nordeste, no qual seria anunciado um pacote de medidas para a região. O plano mudou, porém, depois da conclusão de que seria melhor desembarcar no Nordeste, região onde Dilma tem seu melhor desempenho nas pesquisas, depois que o tucano já tivesse ampliado seu nível de conhecimento. Na semana que vem, Aécio concentrará sua agenda no Sudeste. Entre outras atividades, visitará portas de fábrica ao lado de dirigentes da Força Sindical e participará de eventos de rua.
Transferência
Em terceiro lugar nas pesquisas e com menos de dois minutos no horário eleitoral na TV, o candidato do PSB, Eduardo Campos, conta com essa exposição diária para promover a aguardada transferência de pelo menos parte dos cerca de 20 milhões de votos que sua vice, Marina Silva, teve em 2010. No mês passado, a dupla fez uma série de agendas separadas, mas agora há o entendimento de que é preciso mostrar aos eleitores que eles estão juntos.
"Essa é uma etapa muito importante, porque traz a possibilidade de as pessoas conhecerem o Eduardo Campos e a terem a informação de que a Marina compõe a chapa", diz Bazileu Margarido, um dos coordenadores-gerais da campanha. A estratégia da dupla será usar o espaço em rede nacional de TV para divulgar propostas do programa de governo. O evento de amanhã, para estrear bem na telinha, será uma reunião com jovens onde Campos vai detalhar promessas já anunciadas, como o passe livre estudantil e a expansão da educação integral.
Agenda casada
A coordenação da campanha de Dilma à reeleição pretende aproveitar a cobertura para divulgar realizações do governo que, na visão dos petistas, nunca foram devidamente difundidas pela grande imprensa. A ideia é preparar uma série de compromissos que tenham algum vínculo com ações emblemáticas do governo, como o Mais Médicos e o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico (Pronatec).
A estratégia, no entanto, esbarra na falta de disponibilidade da presidente para viajar nos dias úteis, quando ela tem de dar expediente no Palácio do Planalto. "Quem está no governo tem menos tempo", disse o vice-presidente nacional do PT, Alberto Cantalice. Segundo ele, Dilma deve aproveitar os fins de semanas para viajar pelos Estados em agendas sintonizadas com suas realizações, mas também haverá a realização de eventos diários, com o objetivo exclusivo de aproveitar o espaço nobre nos telejornais.
A novidade em relação à campanha de 2010 é que, desta vez, as emissoras vão cobrir quatro postulantes (eram três na eleição anterior). Com cerca de 3% nas últimas pesquisas, Pastor Everaldo (PSC) foi convidado para ser sabatinado na bancada do Jornal Nacional e será seguido pelo menos uma vez por semana pelo telejornal. "Se ele conseguir se apresentar com uma pauta forte para o eleitor evangélico, terá grande chance de chegar ao patamar dos 10% ou mais, o que garantiria o 2.º turno", diz o especialista Carlos Manhanelli, autor de 16 livros sobre marketing político.
Pela regra estabelecida pela Globo, candidatos com pontuação superior a 6% nas pesquisas da semana anterior terão uma matéria diária de um minuto, de segunda-feira a sábado.