O trio do agronegócio já se reuniu com Dilma há 15 dias, no Palácio do Planalto, para definir como será a "cara" da atuação para vencer a resistência no agronegócio. "Eu estive com a presidente no Planalto durante a visita do presidente Putin (da Rússia)", conta o suplente de Maggi. "Tivemos conversando e me coloquei à disposição para ajudar no que for preciso", relata Santos.
Geller, Maggi e Santos também estiveram no comitê com o coordenador da agenda de campanha da petista, Giles Azevedo, para acertar detalhes com um do mais fiéis escudeiros de Dilma. "Falamos com o Giles para fazer um negócio de muito efeito."
O efeito será apresentar a presidente para os agricultores como a pessoa "que mais fez pela agricultura". Para isso, os temas escolhidos foram a infraestrutura e os aumentos sucessivos de recursos para financiamento agrícola no Plano Safra.
Na infraestrutura, o trio dilmista vai bater bumbo para alardear as concessões de terminais portuários, vistos como essenciais para o agronegócio ganhar mercados internacionais.
A disponibilidade de recursos para a safra também será apresentada como ponto positivo para os produtores rurais apoiarem a reeleição da presidente. Entre os argumentos, o de que nunca antes o setor experimentou um aumento de dinheiro para financiamento. O plano safra saltou de R$ 56,5 bilhões, no ciclo produtivo 2004/2005, para R$ 156,1 bilhões, durante 2014/2015. Os juros subsidiados também serão contabilizados como ação em defesa do setor. A taxa de juros média de custeio do Plano Safra 2014/2015 é de 6,5% ao ano, o que tem sido defendido por Gelller como uma taxa menor do que a básica de juros (Selic), apesar do aumento de um ponto porcentual neste ano (a média dos juros era de 5,5% no plano anterior). "O que temos de fazer é mostrar o que o governo e a presidente fez em termos de juros e de crédito para o setor", diz.
Blairo Maggi está, agora, redesenhando sua agenda para viajar aos Estados para apresentar os números positivos do governo. Ele voltará a fazer, assim, o que havia feito em 2006, quando liderou um movimento pró-reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na época, havia resistência ao petista pela proximidade ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Depois da investida individual, Maggi se tornou um dos principais interlocutores do agronegócio com o Planalto.
O poder do senador foi confirmado neste ano, quando ele bancou sozinho a indicação de Geller para a Agricultura, contrariando o PMDB. O fato de o ministro ser produtor de soja também será usado a favor de Dilma, como explica Santos: "A gente nunca teve um ministro." O suplente de senador, contudo, lamenta o fato de Geller só poder fazer campanha nas horas livres do ministério. "Ele tem a dificuldade de só poder no final de semana, mas tem sido importante", afirma.
Com Agência Estado .