Segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, o tucano Aécio Neves vai se dedicar a uma apresentação ao eleitorado. Segundo apurou a reportagem, a estratégia dos marqueteiros do partido, neste primeiro momento, será contar a história do candidato, sua origem em uma família de tradição política, o parentesco com Tancredo Neves (eleito presidente após o fim da ditadura militar) e a trajetória como deputado federal, presidente da Câmara dos Deputados, governador por dois mandatos e senador da República.
De acordo com aliados, mesmo tendo uma pauta clara de propostas a serem apresentadas para convencer o eleitorado a aderir à sua candidatura, Aécio ainda precisa se tornar conhecido nacionalmente — ele tem um nome muito associado ao Sudeste. O roteiro de viagens é diversificado. Neste fim de semana, o tucano voou para o Paraná e Rio Grande do Sul, para atrelar sua imagem a dois líderes nas pesquisas para governador: Beto Richa (PSDB-PR) e Ana Amélia (PP-RS). No próximo fim de semana, a intenção é voar para o Acre, estado comandado há muito tempo pelo PT, e para Manaus, governada pelo correligionário Arthur Virgílio.
Conciliar agendas
A presidente Dilma deve equilibrar mais, neste mês, a agenda de campanha e a oficial, como presidente. Em julho ela foi, dos três principais candidatos, a que menos viajou. Mas, agora, o comando de campanha avisou que ela mudará a estratégia. “Pretendemos centralizar as viagens neste momento nos quatro principais colégios eleitorais brasileiros: São Paulo, Minas, Rio e Bahia”, disse o presidente nacional do PT, Rui Falcão.
Além de aproveitar para, de uma vez só, atingir um número maior de eleitores, Dilma precisa atuar fortemente nesses estados para anular a rejeição que enfrenta em relação aos principais adversários na corrida pelo Planalto. O Nordeste, tradicional reduto eleitoral do PT, não será esquecido. Mas lá ela contará com a presença de um companheiro luxuoso. “Estamos aguardando o ex-presidente Lula definir a agenda de viagens dele com Dilma para os estados nordestinos”, confirmou Falcão.
Na propaganda eleitoral, a equipe do marqueteiro João Santana está preparando um bombardeio de informações sobre os principais programas sociais do governo: Mais Médicos, Minha Casa, Minha Vida e Bolsa-Família. Será apresentada uma presidente que aprofundou as transformações e a inclusão no país, aliado a um slogan que ela deixou escapar durante a sabatina dos presidenciáveis na Confederação Nacional da Indústria (CNI). “Eu tenho que mostrar o que eu fiz. E se eu fiz, sou capaz de fazer mais, e melhor.”
O PSB reforçará ainda mais no horário eleitoral o discurso de que Eduardo Campos e Marina Silva representam a oportunidade de mudança após 20 anos de polarização entre PT e PSDB no governo federal.
Milhagem acumulada
No primeiro mês de campanha presidencial, iniciado oficialmente em 6 de julho, alguns fatores influenciaram as opções de viagens dos presidenciáveis e impactaram diretamente nas quilometragens aéreas de cada um.
Dividida entre a campanha e a atividade de presidente, Dilma Rousseff não fez longas viagens. Primeiro porque havia a Copa do Mundo e, após o término do Mundial, ela foi a Fortaleza para participar do encontro do Brics (grupo econômico composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Nessa reta final, foi ao Rio, à São Paulo fazer o que pode ser considerado o primeiro comício na sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e em Minas Gerais, totalizando 4,5 mil quilômetros voados.
Aécio Neves e Eduardo Campos viajaram bem mais. Diferentemente da presidente, que sempre partirá de Brasília para suas viagens de campanha, o tucano e o socialista decidiram montar os comitês centrais em São Paulo. Por isso, para efeito de cálculo, o ponto de partida sempre foi considerado a capital paulista.
À exceção de uma viagem ao Ceará, Aécio Neves concentrou seus deslocamentos à região Sudeste, à capital federal no Sul. São locais onde a campanha está mais estruturada e o PSDB tem candidatos mais competitivos, o que lhe dá uma estrutura mais favorável para dialogar com eleitores. Tanto que a inauguração da campanha se deu na feira de cultura japonesa, ao lado do candidato à reeleição por São Paulo, Geraldo Alckmin.
Campos também optou por percorrer os caminhos que lhe são mais familiares. Dos nove destinos escolhidos até o momento, cinco estão no Nordeste. Ele veio duas vezes à capital federal e ainda visitou Minas Gerais, Espírito Santo e Santa Catarina para lançar a campanha de aliados estaduais. .