A partir desta semana, a bancada mineira no Senado pode ser formada inteiramente por suplentes. Caso se confirme a saída de Aécio Neves (PSDB) da Casa para se dedicar à campanha à Presidência da República, os representantes mineiros passam a ser políticos que herdaram as vagas. Minas será o único estado com senadores que não receberam votos para chegar ao Congresso. E o estado ainda corre o risco de continuar sendo representado pelos reservas pelos próximos quatro anos, até 2019. Isso porque os principais candidatos à cadeira que ficará vaga a partir do ano que vem – Antonio Anastasia (PSDB) e Josué Alencar (PMDB) – são cotados a assumir ministérios no próximo governo. O ex-governador tucano tem grande chance de ir para a Esplanada caso Aécio seja eleito. Já o peemedebista, filho do ex-vice-presidente José Alencar, foi um dos nomes apontados no ano passado para chefiar a pasta do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e pode ser convocado caso a presidente Dilma Rousseff (PT) seja reeleita.
Na composição atual do Senado, apenas Goiás e o Rio Grande do Norte têm dois suplentes representando seus estados. No entanto, nas duas bancadas, os senadores titulares – Lúcia Vânia (PSDB-GO) e José Agripino Maia (DEM-RN) – têm mandato até 2019 e não deixarão o cargo para disputar as eleições deste ano.
A cadeira mineira em disputa nas eleições de outubro pertence atualmente a Antônio Aureliano (PSDB), filho do ex-vice-presidente Aureliano Chaves, que assumiu a cadeira no mês passado depois que Clésio Andrade (PMDB) renunciou por motivos de saúde. O peemedebista já ocupava a vaga como suplente desde janeiro de 2011. O eleito para a cadeira foi o ex-ministro dos Transportes e da Fazenda Eliseu Resende (DEM). Em 2006, ele disputou a vaga com o ex-governador Newton Cardoso (PMDB) e venceu com 61% dos votos, apoiado pelo então governador Aécio Neves (PSDB), que no mesmo ano se reelegeu para o Palácio Tiradentes. Eliseu morreu em janeiro de 2011, aos 81 anos.
As outras duas vagas de Minas no Senado foram disputadas em 2010. Aécio Neves foi o primeiro colocado, com 39% dos votos válidos, seguido do ex-presidente Itamar Franco (PPS), que venceu uma disputa apertada contra o ex-prefeito de BH Fernando Pimentel (PT), com 26% e 24% dos votos válidos, respectivamente. Em julho de 2011, apenas cinco meses depois de tomar posse, Itamar morreu, aos 80 anos. No lugar dele, assumiu o suplente José Perrella (PDT). O então presidente do Cruzeiro tinha tentado uma vaga no Senado em 2002, mas não se elegeu.
Com a confirmação da saída de Aécio por um prazo de 120 dias ou caso o tucano seja eleito em outubro, assume em seu lugar o ex-secretário de Agricultura de Minas Elmiro Nascimento (DEM), que, portanto, vai compor a bancada mineira com Perrella e Antônio Aureliano.
Reforma
No ano passado, depois da onda de manifestações de junho, a presidente Dilma Rousseff (PT) enviou ao Congresso um documento com propostas para uma reforma política abordando, entre vários temas, a questão da suplência no Senado. No entanto, a proposta não avançou. Um outro projeto que tramitava na Casa desde 2011 previa que, caso a cadeira fique vaga a 120 dias de eleições – sejam municipais, estaduais ou federais –, o novo titular será decidido no pleito e concluirá o mandato do senador que deixou o cargo.
De autoria do senador José Sarney (PMDB-AP), a proposta proibia ainda a eleição para suplente de cônjuge ou parente consanguíneo do titular até o segundo grau ou por adoção. O projeto foi rejeitado em julho do ano passado. Com 46 votos a favor, 17 contrários e uma abstenção, a proposta não alcançou o número mínimo para a aprovação, de 49 senadores.