O candidato defendeu que o governo federal deve investir mais em planejamento familiar e políticas efetivas de prevenção da gravidez na adolescência. Natalini evitou, contudo, responder diretamente se é a favor da descriminalização do aborto. Ele também evitou responder de forma direta sobre a legalização de drogas e o casamento gay.
Com relação às drogas, defendeu que traficante e usuário não devem ser tratados da mesma forma. Ele chamou de "hipocrisia" a classificação de legal e ilegal das drogas e lembrou que o álcool é a principal causa de internação psiquiátrica. "No entanto, cada boteco vende pinga e tem propaganda para todo lado", afirmou.
Sobre casamento gay, disse que as "pessoas vivem com quem elas querem", mas que não se pode vitimizar os homossexuais. "Reconhecer do ponto de vista legal que esta questão existe, não há nenhum problema. Acho que não podemos vitimizar a pauta. Como se em toda novela tem que ter um casal gay. Isto já é fetiche." Natalini lembrou ainda que, quando era secretário municipal da Participação e Parceria, criou a Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual (CADS).
Segurança Pública
Questionado sobre suas propostas para a segurança pública, Natalini disse que pretende reforçar a inteligência das polícias no combate ao crime e se disse favorável a uma maior integração nos trabalhos das Polícias Militar e Civil no Estado. Disse também que deve haver um combate maior aos atos de corrupção dentro das instituições de segurança. "Acho que existem muitos policiais bons, mas falta comando."
Natalini também criticou a liberdade que o governo dá ao crime organizado. "Chefe do crime organizado não pode ficar comandando a tropa dele do presídio, pelo celular", afirmou. O candidato disse que não é possível "destruir" o crime organizado, mas que é factível "desmantelar" a operação desses grupos.
Caso JK
Natalini disse não ver o peso do trabalho da Comissão Municipal da Verdade, que preside, em sua candidatura. "O que a Comissão da Verdade fez comigo foi mostrar o meu passado de torturado e preso político. Fizemos uma série de relatórios e apresentamos para a sociedade brasileira. Não vejo peso da Comissão da Verdade na minha candidatura", disse.
Natalini defendeu, contudo, que o trabalho da comissão municipal, em São Paulo, tem sido mais bem feito que o da Comissão Nacional da Verdade e citou a investigação sobre a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek - concluindo que não se tratou de atentado.
Gilberto Natalini foi o segundo convidado da série 'Entrevistas Estadão', de que participam os principais candidatos ao governo de São Paulo. O primeiro participante foi o governador Geraldo Alckmin (PSDB)..