Durante sabatina na Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) com os candidatos ao Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff disse que o projeto que trata da terceirização do trabalho, paralisado no Congresso Nacional, precisa de um diálogo contínuo e o comparou com a discussão do Código Florestal, que foi "fruto de aproximações sucessivas", onde todos os lados cederam.
A presidente pediu uma "postura aguerrida" do setor não só nos mercados existentes como nos novos mercados abertos. "Nós precisamos cada vez mais cooptar e captar tanto na Ásia como no Oriente Médio", declarou. Em seu discurso, Dilma enfatizou que em seu governo houve "interlocução qualificada" com os órgãos do setor, como a própria CNA.
Ela prometeu criar um processo de meritocracia e profissionalismo na recém-criada Anater - Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural - e desenvolver a cabotagem e as hidrovias. "Estamos realizando estudos de viabilidade para os principais corredores hidroviários", afirmou. Dilma também disse que a classe média rural é o ponto de apoio para um país mais próspero.
Superávit primário
Dilma afirmou que o governo tem condições de cumprir o superávit primário previsto para este ano. A presidente fez a declaração após ser perguntada, em coletiva de imprensa, se mesmo com o resultado do primeiro semestre o governo conseguiria atingir a meta estabelecida no início do ano.
No acumulado do primeiro semestre de 2014, as contas do governo central apresentaram superávit de R$ 17,2 bilhões (0,69% do PIB). Apesar de positivo, o valor representa queda de 50,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Já o esforço fiscal do setor público caiu 43,67% nos seis primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período de 2013, segundo o Banco Central.
"É normal que haja momentos de flutuação. Teremos condições de cumprir o superávit primário previsto no início do ano", declarou a presidente.
Graça Foster
Ao ser questionada por jornalistas sobre a inclusão da presidente da Petrobras Graça Foster no processo de responsabilização dos prejuízos da compra da refinaria de Pasadena e o bloqueio de bens da executiva, Dilma negou que a questão seja um constrangimento. "Se não houve julgamento, não se gera constrangimento nenhum", respondeu.
Sobre a revelação de que os depoimentos nas CPIs da Petrobras em andamento no Congresso haviam sido combinados, a presidente negou envolvimento do Palácio do Planalto e disse que o Executivo não é "expert" em petróleo e gás e sim a Petrobras.
"Me informe quem elabora as perguntas sobre petróleo e gás para a oposição também", alfinetou a presidente, para complementar: "Acho estarrecedor que seja necessário alguém de fora da Petrobras formular perguntas para ela."
Na saída, Dilma foi questionada se havia esquecido de incluir a Agência Nacional do Petróleo (ANP) na expertise do setor de petróleo e gás. "Ah, é verdade. Mas a Petrobras sabe mais. Há uma simetria de informações", declarou.