Ao abrir a sabatina, Campos adotou um discurso mais empresarial do que ambiental, apesar de Marina Silva vir defendendo que o agronegócio representa um atraso para o país. “O Brasil só tem conseguido manter os bons resultados da economia por conta dos agricultores. Prometo trazer a inflação para o centro da meta para que os juros caiam e os investimentos possam aumentar para os produtores”, disse. O socialista defendeu os grandes produtores rurais, afirmando que, ao longos das últimas quatro décadas, foram eles que inovaram no conhecimento e na pesquisa de novas tecnologias.
Entre os presidenciáveis, Aécio Neves foi o mais aplaudido.
Aécio prometeu também, em quatro anos, aumentar de 9% para 60% o percentual das áreas plantadas cobertas pelo seguro agrícola. O candidato do PSDB ainda insistiu em uma das questões que mais causam preocupação aos produtores rurais: a insegurança jurídica no campo brasileiro. “Vou suspender as desapropriações em terras invadidas por um período de dois anos até saber de quem é a terra e quais providências tomar”, disse ele.
Última dos sabatinados a subir ao palco, a presidente Dilma Rousseff falou pouco sobre o futuro, buscando concentrar o pronunciamento na política desenvolvida para o setor ao longo dos últimos anos. “Aumentamos em 259% os recursos do Plano Safra e diminuímos os juros para o produto.” A presidente admitiu que existe um gargalo na armazenagem de grãos – 60 milhões aproximadamente. E rebateu as críticas feitas pelos oposicionistas de que o país tem se recusado a fazer acordos com a União Europeia.
Os empresários lamentaram que a petista não tenha dito nada sobre etanol nem agroenergia. “Esse assunto não é um debate de segunda categoria, é fundamental”, disse a presidente da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), Elizabeth Farina. E, mesmo após a defesa de Eduardo Campos, Marina Silva ainda despertava a desconfiança do setor produtivo. “Ela age com pouco conhecimento do agronegócio e uma cabeça muito ambiental”, comentou o ex-presidente da Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil (Orplana) Ismael Perina Júnior.
Os presidenciáveis e os ruralistas
Confira as promessas feitas para os senhores do campo pelos três principais concorrente ao Planalto na sabatina promovida pela CNA
» Nomear um especialista, não um político, para o Ministério da Agricultura
» Trazer a inflação para o centro da meta e retomar o crescimento do país, a juros baixos, para estimular o financiamento do setor rural
» Transformar o Brasil na nova potência bioeconômica do mundo
» Ampliar as parcerias comerciais
» Banco Central independente
» Criar o superministério da Agricultura, englobando outras pastas, como a Pesca, sem subordinação ao Ministério da Fazenda ou ao Banco do Brasil
» Choque de infraestrutura para estimular o investimento privado
» Ampliar, em quatro anos, de 9% para 60% as áreas plantadas que possuem seguro rural
» Adotar parcerias comerciais pragmáticas, não ideológicas
» Suspender, por dois anos, as desapropriações de fazendas invadidas
» O governo ampliou recursos em 259% e diminuiu os juros para o Plano Safra ao longo dos últimos 12 anos
» Foram elevados, de R$ 280 milhões para R$ 700 milhões, os recursos para o Seguro Safra
» Destinação de R$ 3,5 bilhões para a construção de armazéns
» Demarcação de 17% do território para os índios
» Combate ao trabalho escravo no campo
*A petista aproveitou o discurso para enaltecer as ações do governo para o setor agrícola nos últimos anos
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