Jornal Estado de Minas

Um terço dos eleitores não tem candidato ao governo de Minas

Pesquisa realizada pelo MDA/EM Data mostra que nada menos que um terço dos eleitores de Minas Gerais ainda não escolheu em quem vai votar na disputa pelo governo do estado

Juliana Cipriani Alessandra Mello Marcelo da Fonseca

Clique para ampliar e ver os dados da pesquisa - Foto: EM / DA Press


Com um mês de campanha, ainda não é possível definir se a eleição para o governo de Minas Gerais será decidida em um ou dois turnos. Apesar de a disputa estar polarizada entre o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Fernando Pimentel (PT) e o ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga (PSDB), pesquisa do MDA/EM Data encomendada pelo Estado de Minas mostra uma soma de 44,6% de eleitores indecisos ou que pretendem anular o voto.

 

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Conforme o levantamento realizado entre os dias 3 e 7 de agosto, sob registro MG 00061/2014, Pimentel sai na frente com 27,1% das intenções de voto contra 18% de Pimenta. Em terceiro aparece o ex-prefeito de Juiz de Fora Tarcísio Delgado (PSB), com 5,1%, e em quarto, Eduardo Ferreira (PSDC) tem 1,5% das intenções. Professor Túlio Lopes (PCB) teve 1,1% das intenções e, em seguida, com 0,8 % cada, aparecem André Alves (PHS) – que retirou sua candidatura anteontem –, Cleide Donária (PCO) e Fidélis Alcântara (PSOL). A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos. Nas entrevistas, 33,3% não souberam ou não responderam e 11,3% afirmaram que anulariam ou votariam em branco.

Por esses números, segundo o diretor do MDA e responsável pelo levantamento, Marcelo Souza, não é possível dizer com segurança se o pleito teria dois turnos. Isso porque a soma dos votos dos outros candidatos dá 28%, o que levaria a decisão para uma nova votação, mas, considerando a margem de erro, o cenário fica indefinido.

“Os eleitores ainda estão esperando para ver os candidatos com mais calma no horário eleitoral. Acho que o cenário deve seguir indefinido e vamos ter uma decisão bem mais próxima das eleições”, afirmou o pesquisador.

Ainda segundo Marcelo Souza, um dos fatores responsáveis pelo grande número de indecisos é o grande desconhecimento do eleitor sobre os dois candidatos no interior do estado. O levantamento mostra que Pimentel vence Pimenta em todas as regiões. Na Central, o placar fica em 31% para o petista contra 18% do tucano. No Rio Doce, a diferença diminui um pouco, mas Pimentel vence por 30,9% a 18,8%. Na Zona da Mata quem ganha é Tarcísio Delgado, filho da terra, com 31,5% contra 20,3% de Pimentel e 11,3% de Pimenta.

A pesquisa espontânea aponta uma preferência de 8,9% por Fernando Pimentel contra 5,7% de Pimenta da Veiga. Nela, o senador Aécio Neves, ex-governador de Minas, tem 3,2% das intenções e outros teriam 1,4%. Quando não são indicados nomes, 71% dos eleitores não sabem ou não querem responder em quem votam e 9,2% dizem que votam em branco ou nulo.

Na simulação de um eventual segundo turno, Fernando Pimentel vence as eleições. O petista foi o escolhido de 35,5% dos entrevistados, enquanto Pimenta teve 21,4% da preferência. Outros 29,5% não souberam ou não responderam em quem votar e 13,5% disseram que não optariam por nenhum dos dois.


Na pesquisa para o Senado, o ex-governador Antonio Anastasia (PSDB) aparece liderando a disputa com 43,5% das intenções de voto. Ele é seguido por Josué Alencar (PMDB), com 8,6% das intenções, e Margarida Vieira (PSB), que teria 2,3% se as eleições fossem hoje. Tarcísio, do PSDC, aparece com 2% das intenções e outros candidatos somam 2,4%. Afirmaram que votariam em branco, nulo ou em ninguém 13% dos entrevistados e outros 28,1% não souberam ou não responderam.

Também foi pesquisada a avaliação do governo de Minas entre os eleitores. Recém-empossado no lugar de Antônio Anastasia, que abriu mão do cargo para disputar o Senado, o governador Alberto Pinto Coelho (PP) aparece com 1,8% de avaliação ótima e 22,8%, boa. Outros 30,4% consideram seu governo regular. Ruim e péssimo somam 10% e 35% não souberam responder.

Pimentel com o professor de português Ibiraci Moreira: sugestões para melhorar a educação e a carreira. Já Pimenta da Veiga cumprimenta eleitores em Carlos Chagas: promessas de reforçar o cooperativismo - Foto: RAMON LISBOA/EM/D.A PRESS e VICTOR SCHWANER/NITRO
Sem perder tempo na campanha
Os dois candidatos ao governo de Minas que estão à frente na pesquisa MDA/EM Data foram novamente às ruas ontem em busca dos eleitores. O candidato do PSDB, Pimenta da Veiga, visitou a região do Vale do Mucuri e destacou a necessidade de dinamizar a economia na região para gerar mais empregos de qualidade.
O tucano prometeu investimentos em escolas profissionalizantes para a região, ressaltando que o ensino de qualidade será fundamental para que os trabalhadores aproveitem boas oportunidades profissionais. O candidato do PT, Fernando Pimentel, também abordou a questão da educação durante campanha ontem na capital. O petista se encontrou com um grupo de professores da rede estadual e municipal no Bairro Cachoeirinha, Região Nordeste de BH. Ele criticou a atual administração pela falta de infraestrutura nas escolas públicas de Minas.

Em visita aos municípios de Carlos Chagas, Nanuque e Teófilo Otoni, Pimenta da Veiga prometeu reforçar o cooperativismo no estado. Ele falou sobre os investimentos feitos pelo governo de Minas no Vale do Mucuri nos últimos 12 anos e avaliou ser fundamental o auxílio do estado para a geração de novos empregos na região. “Queremos que os investimentos sejam prioritariamente dirigidos para esta região. Vamos também cuidar de preparar as pessoas, através de escolas técnicas profissionalizantes, para que os trabalhadores estejam mais aptos para aproveitar as oportunidades que, certamente, surgirão”, destacou Pimenta.

Ao lado do candidato ao Senado, Antonio Anastasia, o tucano recebeu apoio dos prefeitos de Teófilo Otoni, Getúlio Neiva (PMDB), e do vice-presidente do PCdoB de Carlos Chagas, Bernardo Norte. Os dois políticos são de legendas que integram a chapa do candidato Fernando Pimentel, adversários de Pimenta. “O trabalho de Aécio Neves e Anastasia criou um ciclo virtuoso de desenvolvimento. Em Teófilo Otoni os números são claros: recebemos investimentos de R$ 276 milhões em vários setores. Mais R$ 160 milhões virão para o hospital regional. Nunca houve tantos investimentos na nossa região”, afirmou o peemedebista.

Professores
Em Belo Horizonte, Fernando Pimentel, se encontrou ontem com um grupo de professores da rede municipal e estadual. O candidato foi ouvir dos profissionais as demandas da área. O encontro aconteceu na casa de Kleiny Souza, professora da rede municipal e simpatizante da candidatura do petista, que mora em frente a uma Unidade Municipal de Educação Infantil (Umei), no Bairro Cachoeirinha, Região Nordeste. Antes do encontro, Pimentel mais uma vez criticou a educação no estado e disse que o governo não apoia o ensino infantil nos municípios. Anteontem, ele disse que falta infraestrutura às escolas, o que impede a implementação de alguns programas que vêm sendo implementados pelo governo.

“Minha intenção é apoiar o programa de educação infantil do governo federal que é desenvolvido nos municípios. Vamos ajudar os municípios mineiros a fazer escolas como essa, que são uma obrigação constitucional do município, para isso ele recebe recursos do município, mas nesse momento o governo do estado não ajuda em nada a educação infantil. Nós vamos ajudar os municípios, não só a construir, mas também arcar com uma parte desse custeio”, defendeu o candidato.

O encontro foi organizado pela campanha do candidato e contou com o apoio de diretores de diversas escolas, responsáveis por convidar os professores para fazer um relato sobre o que acontece dentro das salas de aula. Um dos participantes do encontro, o professor de português de um escola estadual em Ribeirão das Neves, Ibiraci Moreira, disse que uma das principais cobranças ouvidas pelo candidato foi a respeito de mudanças no plano de carreira do servidor e abertura do diálogo do estado com o Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sind-Ute), atualmente marcado por embates frequentes com o governo. “A educação está em situação complicada, falta plano de carreira e o estado tem enterrado a gente e não tem nos ouvido”, afirma Ibiraci, que disse não ser filiado a nenhum partido nem militante sindical.

Segundo ele, além disso, as escolas estão sucateadas e com a infraestrutura muito ruim. Outra reclamação, de acordo com o professor, é com a redução do ensino noturno. Disse que o estado tem reduzido as turmas e que para estudar nesse horário o aluno precisa ter carteira de trabalho assinada. “O problema é que muitos alunos têm emprego informal”. Com essa restrição, de acordo com ele, as turmas, principalmente da manhã, têm ficado muito cheias. “Temos turmas com até 48 alunos”, destaca. Já a anfitriã do encontro cobrou mais segurança nas escolas. Ela conta que professores têm sido ameaçados até mesmo por alunos armados com estilete. “A questão da insegurança tem sido muito grave”, destaca.

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