Em dezembro, relatório produzido pela família de Raul Amaro já havia revelado documentos inéditos como um ofício encaminhado ao diretor do HCE em 11 de agosto de 1971 pelo então comandante do I Exército, general Sylvio Frota, que ordenava a entrada de dois agentes do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) "a fim de interrogarem o preso".
Massini, que já atuou em casos emblemáticos como a chacina da Candelária, o massacre do Carandiru e a morte de Chico Mendes, concluiu que Raul Amaro foi torturado em pelos menos três ocasiões durante a semana em que permaneceu no HCE, a últimas delas na véspera da morte. "Médicos omitiram a real condição de morte do Raul. Acho que cabe neste caso um pedido de perdão dos conselhos de medicina à família. Este caso comprova e dá início à investigação de possíveis novos casos", afirmou o médico-legista.
O sobrinho de Raul Amaro, Felipe Nin Ferreira, divulgou uma nota da família em que pede que o Conselho Federal de Medicina acompanhe a reconstrução dos fatos. "Como uma instituição médica poderia permitir e tolerar que atentados à vida de paciente pudessem ocorrer em suas dependências? A família se sente chocada com a contradição entre o que já é público sobre o caso Raul Amaro e as versões oficiais de que a instituição militar desconhece torturas ocorridas em pessoas mantidas presas sob sua responsabilidade durante a ditadura militar e manifesta a expectativa de algum procedimento das autoridades sobre o caso", escreveram os parentes do engenheiro e preso político.
A presidente da CEV-Rio, Nadine Borges, afirmou que a comissão não obteve resposta do Ministério da Defesa após ter pedido, em duas ocasiões, acesso aos prontuários do HCE.