A OAB argumenta que nos últimos cinco anos o débito de Minas Gerais caiu apenas R$ 200 milhões – passando de R$ 3,6 bilhões para R$ 3,4 bilhões. O orçamento deste ano prevê o gasto de R$ 310 milhões para pagar precatórios – R$ 155 milhões pela ordem cronológica e R$ 155 milhões para acordos. Uma alternativa para angariar mais recursos, de acordo com o presidente da Comissão de Precatórios da OAB, José Alfredo de Oliveira Baracho Júnior, é o uso de parte dos depósitos judiciais, que somente neste ano significaria um aporte de R$ 1,5 bilhão. O dinheiro se refere a depósitos feitos em juízo durante a tramitação de uma ação judicial. Segundo a OAB, o TJ mineiro arrecada com eles cerca de R$ 6 bilhões a cada ano.
“Se não houver o apoio do Judiciário, esse projeto de lei não vai andar”, argumenta Baracho Júnior. A matéria foi apresentada pela deputada Liza Prado (PROS) a partir de uma sugestão da OAB.
Em 2013, sobraram R$ 53 milhões dos recursos destinados a acordos, dinheiro que está parado no TJMG. Neste ano, dos R$ 117 milhões já disponibilizados, os acordos atingiram apenas R$ 30 milhões. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) deve se pronunciar sobre esse assunto até outubro. Já há no órgão um parecer individual permitindo a destinação dessa sobra ao pagamento dos precatórios seguindo a ordem cronológica, mas ainda falta a palavra final do plenário.
Calote
Advogados e credores ainda aguardam um pronunciamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a Emenda Constitucional 62, que trouxe novas regras para o pagamento de precatórios. Aprovada em 2009, a emenda foi apelidada de PEC do calote e é alvo de duas ações diretas de inconstitucionalidade no STF. Por enquanto, os ministros derrubaram um dos pontos mais polêmicos, que é o prazo de 15 anos para que o poder público quite toda a sua dívida – sistema adotado por Minas Gerais.
A dúvida agora é saber se os acordos realizados na vigência da EC 62 têm validade e se será necessária uma nova emenda à Constituição federal para determinar novas regras. Mas para Baracho, certo é que dificilmente Minas Gerais vai conseguir cumprir a meta de quitar seus débitos até 2024, quando completam os 15 anos de prazo concedidos pela emenda. Em todo o país, a dívida chega a R$ 94,3 bilhões – segundo dados do CNJ do ano passado. .