Meire Poza passou a ser considerada peça-chave nas investigações após decifrar os documentos recolhidos pela Polícia Federal nos escritórios mantidos pelo doleiro. À frente de poucos parlamentares no Conselho de Ética, a mulher promete contar tudo o que sabe. Para o relator do processo que investiga Argôlo e autor do convite para depor, Marcos Rogério (PDT-RO), a participação de Meire ajudará a elucidar pontos ainda sem explicação na suposta sociedade que o deputado mantém com o doleiro na Bahia. “A ideia é trazer luz a esse conjunto de informações que até agora está aparecendo. E a contadora, melhor que ninguém, conhece o esquema e está disposta a falar”, disse o relator.
No Conselho de Ética, Meire enfrentará questionamentos voltados a desvendar a participação de Argôlo na Malga.
Após o depoimento de Meire, os deputados vão interrogar o funcionário da Caixa Econômica Federal Douglas Alberto Bento. Ele será a primeira testemunha de defesa de Argôlo a ser ouvida no Conselho de Ética. Desde a abertura do processo contra o deputado, Argôlo não participou de nenhuma sessão. Na última, na semana passada, o advogado dele, Aluísio Correia, reclamou de não ter tido acesso ao processo que investiga o cliente e preferiu não fazer perguntas às testemunhas do relator. As denúncias contra parlamentares deixaram o ex-petista André Vargas (PR) na berlinda. Está para ser votado no Conselho de Ética um relatório que pede a cassação dele por manter relações com Youssef.
Petrobras
Ao responder às perguntas de deputados no Conselho de Ética, Meire pode ajudar a descrever o esquema de corrupção aos integrantes da comissão mista da Petrobras. Para o deputado federal Izalci Lucas (PSDB-DF), as explicações dela podem clarear vários pontos investigados pela comissão mista. “A partir do depoimento dela à Polícia Federal, fiz vários requerimentos de quebra de sigilos bancários e fiscal das empresas citadas nas investigações”, afirmou Izalci.
Izalci é um dos autores do requerimento para ouvir a contadora na comissão mista. Assinam pedidos também a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB) e o deputado Rubens Bueno (PPS-PR). “Por ter tido acesso privilegiado ao cerne da quadrilha, bem como aos documentos que servem como prova dos malfeitos por corruptos e corruptores, Meire Poza pode ser considerada hoje uma das principais testemunhas para auxiliar-nos na tarefa de esclarecer fatos”, afirmou Rubens Bueno. “Precisamos saber quem eram os beneficiários, para quem iam os repasses, quem pagavam os recursos, apesar de que já sabemos que Meire vai confirmar tudo que já sabemos na CPI da Petrobras”, afirmou Izalci..