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Estado de Minas

Eduardo Campos é considerado 'insubstituível' para o PSB

Em Minas, principais representantes do partido do ex-governador lamentam perda "irreparável"


postado em 14/08/2014 06:00 / atualizado em 14/08/2014 07:01

A cúpula do PSB de Minas Gerais lamentou ontem a morte do candidato do partido à Presidência da República, Eduardo Campos. O presidente da legenda no estado, o deputado federal Júlio Delgado, afirmou que o colega de partido é “insubstituível”. O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), que decretou luto oficial de três dias, chamou Campos de “um intransigente defensor da democracia”. Para o candidato do PSB ao governo de Minas, Tarcísio Delgado, a perda do colega de partido é “irreparável”.

Nas articulações para as eleições de outubro, o PSB de Minas chegou a trabalhar com a possibilidade de não ter candidato ao governo do estado, o que prejudicaria a campanha de Eduardo Campos no segundo maior colégio eleitoral do estado. O partido, no entanto, recuou e passou a admitir a candidatura de Júlio Delgado, mas desistiu e acabou lançando o pai do parlamentar, Tarcísio Delgado, na disputa. A última vez em que o candidato esteve em Minas foi em 26 de julho, em Juiz de Fora, para lançamento oficial da campanha de Delgado ao Palácio da Liberdade. Ao lado de Marina, disse que era necessário romper com a polarização entre PT e PSDB no país.

Segundo Júlio Delgado, Campos era o personagem de equilíbrio do partido. “Eduardo é insubstituível. Tínhamos no PSB correntes ligadas a uma ou outra ala do partido. E a unidade quem buscava era Eduardo. É a nossa bússola”, afirmou. Lacerda, que não queria a candidatura própria do partido ao governo de Minas, e defendia apoio ao tucano Pimenta da Veiga, fez um pequeno balanço da trajetória política de Campos. “Eduardo sempre se revelou um intransigente defensor da democracia e um gestor eficiente, moderno e dinâmico, em especial à frente, por dois mandatos, do governo de Pernambuco”, disse.

ESPECULAÇÃO Delgado e Lacerda evitaram comentar sobre quem substituirá Campos na disputa presidencial. “Não existe ainda nenhuma conversa de partido. A gente ouve na imprensa muita especulação. Não há da nossa parte nenhuma avaliação. Vamos iniciar as conversas. Temos que fazer uma análise mais profunda”, analisou o presidente estadual do PSB. Conforme Lacerda, a legenda vai iniciar as discussões sobre o novo candidato da legenda. “É um assunto que será tratado naturalmente depois do necessário e profundo luto.” O prefeito disse não saber se Marina Silva, a vice de Eduardo Campos, assumirá a cabeça de chapa do partido na disputa. “É uma decisão partidária. Vamos aguardar os próximos dias”.

O candidato do PSB ao governo de Minas também disse ser necessário tempo para que os correligionários de Campos possam começar a se recuperar do trauma da morte do ex-governador de Pernambuco. “É uma perda irreparável. Realmente não é uma expressão de graça. Não tem como reparar. Era uma liderança muito jovem, qualificada. Nos deixou (a morte de Campos) perplexos, tristes. Até com dificuldade de raciocínio neste primeiro momento”, afirmou o candidato.

 

Repercussão no mundo

A morte do candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, foi destaque na imprensa internacional. “As mortes desencadearam uma onda de lamentação no país, que deve ser seguida de especulação sobre o efeito nas eleições presidenciais de 5 de outubro”, afirmou o correspondente do britânico The Guardian no Rio de Janeiro. Também na Inglaterra, a versão eletrônica The Independent citou Campos como candidato de esquerda “business-friendly”, simpatizante dos negócios, e aponta que a vice Marina Silva pode se tornar a opção do partido. Leia aqui. O Financial Times publicou que o acidente levou à morte uma das estrelas políticas brasileiras em ascensão, “mudando as perspectivas para uma das eleições mais disputadas em mais de uma década”. O site da BBC de Londres estampou uma foto de Campos em reportagem sobre a morte do candidato e afirmou que estavam todos chocados. A rede lembrou que a família de Campos, neto do também ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes (1916-2005), lutou ativamente contra a ditadura militar (1964-85).

» Nos Estados Unidos, a rede de TV CNN noticiou o acidente em texto e vídeo, apontando que a manutenção e as inspeções do jato em que Campos viajava estavam em dia. O The New York Times destacou que a presidente Dilma Rousseff cancelou todos os compromissos de sua campanha à reeleição.

» Na França, o Le Monde publicou texto sobre a morte do candidato informando que Marina Silva não estava no jato que caiu e que ela ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais de 2010. O Libération escreveu que “a campanha da eleição presidencial no Brasil foi brutalmente enlutada com a morte de Campos”. Em Portugal, o Público relembrou as últimas entrevistas que o candidato deu à publicação. Em fevereiro, Campos disse que o governo Dilma se tornou o epicentro de um bloco “conservador” e que via Portugal como uma porta para a integração com a União Europeia.

» O argentino La Nación publicou um perfil de Campos, que destaca o fato de ele ter sido aliado de Lula e hoje ser rival de Dilma. "Meses depois de arriscar tudo pelo sonho que o levou desde muito jovem pelo caminho da política, encontrou a morte", diz o texto.


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