Assim, esperam comprovar que o negócio não poderia ser classificado como sendo ruim. O argumento que será usado por esses ex-diretores é que os prejuízos decorrem do não cumprimento de arbitragem da Corte Americana, que repercutiu no pagamento de multas em uma segunda fase do processo de aquisição, e da utilização de avaliações técnicas depreciadas, tanto internas quanto de auditorias externas, para determinar o preço de compra da refinaria.
Ao todo, a Petrobras contava com 27 cenários, mas, segundo a defesa desses diretores, a apresentação à diretoria na época foi apenas do pior cenário, o mesmo considerado na negociação com a Astra Oil, antiga proprietária de Pasadena.
Procurada, a Petrobras, por meio de sua assessoria de imprensa e do departamento de Relações com Investidores, não informou o resultado da refinaria no semestre. Internamente, o lucro da refinaria também é mantido em sigilo, sob o argumento de que se trata de uma empresa de capital fechado, não negociado em bolsa de valores, embora a controladora Petrobras seja de capital aberto. A informação poderá beneficiar a diretoria que tem como principal argumentação a tese de que não teria, com as informações demonstradas na época pelo então diretor Internacional, Nestor Cerveró, avaliar que o negócio é prejudicial à Petrobrás.
No relatório financeiro divulgado ao mercado, a estatal não cita em qualquer momento o nome de Pasadena, apenas menciona o refino nos Estados Unidos, onde a única refinaria da Petrobras é Pasadena. Ao comentar o aumento de 8% da carga de petróleo processada no exterior, entre o primeiro e segundo trimestres deste ano, a companhia informa que conseguiu melhorar as margens de retorno, com uma utilização avançada da capacidade de refino de um óleo de boa qualidade.
Apesar de não ter passado pelas reformas previstas no projeto aprovado pela Petrobras em 2006, que adaptaria a refinaria ao processamento do petróleo brasileiro do campo de Marlim, do tipo pesado, a operação em Pasadena tem sido favorecida pelo avanço da produção de petróleo não convencional, do tipo leve, o chamado shale oil and gas, em inglês. Como nos Estados Unidos a exportação de petróleo depende de aprovação do presidente da República, é grande a disponibilidade interna do insumo, próprio para a produção de combustíveis de melhor qualidade e valor agregado, exatamente o contrário do que ocorre no Brasil..