A ex-senadora Marina Silva, vice na chapa de Eduardo Campos na disputa pela Presidência da República, autorizou a cúpula do PSB a iniciar consultas a lideranças do partido sobre a possibilidade de ser a candidata da legenda ao Palácio do Planalto. A ex-parlamentar se encontrou ontem com o presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, e o coordenador-geral da campanha nacional do PSB, Carlos Siqueira, em São Paulo. Desde quarta-feira, dia da morte de Campos, Marina evitava falar sobre eleições.
O presidente nacional do partido teria dito no encontro que começaria a sondar governadores, congressistas e prefeitos do PSB sobre o rumo a ser tomado após a morte de Campos. Em seguida, perguntou se a ex-senadora tinha objeção de que seu nome fosse apresentado como opção de candidatura. Segundo relatos, Marina afirmou que não se opunha.
De acordo com Amaral, a tendência é que Marina seja mesmo a candidata do PSB à Presidência. Conforme cronograma detalhado pelo presidente nacional da legenda, o resultado da consulta será levado para a executiva do partido, que tem reunião marcada para quarta-feira, em Brasília, para definir a candidatura. Apesar de haver maioria no PSB pela escolha de Marina, há setores que resistem a seu nome. Entre outros pontos, há insatisfação pelo fato de ela ser recém-filiada ao PSB e ter deixado sempre claro que pretende deixar a legenda assim que conseguir colocar de pé o seu partido, a Rede Sustentabilidade.
Candidata à Presidência em 2010, quando ficou em terceiro lugar, Marina tentou montar a Rede para disputar novamente o Planalto em outubro, mas não conseguiu o registro na Justiça Eleitoral a tempo de entrar na disputa pelas eleições de 2014. Marina, então, se aliou a Campos em outubro de 2013 e se filiou ao PSB. Em 2014, foi escolhida vice na chapa ao Planalto.
Depois da reunião com Marina, Amaral afirmou que o principal no momento é o funeral de Campos. “A nossa prioridade é enterrar o Eduardo. Fazer as homenagens que ele merece. Somente depois vamos discutir o cenário eleitoral”, disse. Também estiveram com a ex-senadora a deputada Luiza Erundina (PSB) e Milton Coelho, que foi secretário de Campos em Pernambuco. O porta-voz da Rede, Walter Feldman, também acompanhou o grupo. Bastante emocionado, Amaral disse que não visitou a ex-ministra antes porque “não tinha condições emocionais”. “A gente olha para a Marina e vê o Eduardo.”
Resistência Amaral é apontado como um dos principais focos de resistência ao nome de Marina. Bastante ligado ao PT, ele foi contra a aliança com a ex-ministra e havia se afastado do dia a dia da campanha. Questionado sobre o assunto, disse que jamais escondeu as divergências com a ex-senadora, mas afirmou que isso nunca os impediu de ter uma relação respeitosa. Segundo os presentes na reunião, Marina continua bastante emocionada com o que aconteceu. (Com agências)