Até esta quarta-feira (20), quando a direção do PSB se reúne em Brasília para bater o martelo sobre os rumos da disputa presidencial, Marina receberá um documento com dados financeiros da campanha e os acordos firmados pessoalmente por Eduardo Campos nos estados – dos quais muitos deles foram combatidos pela ex-senadora. É o caso de São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso, onde o PSB fechou aliança na disputa para governador com PSDB de Geraldo Alckmin, o PT de Lindberg Farias e o PDT de Pedro Taques, respectivamente.
De acordo com o deputado federal Júlio Delgado, que é presidente do PSB mineiro e secretário especial da Executiva Nacional, Marina Silva estará desobrigada de subir nos palanques dos candidatos que não são do PSB. Mas terá que mudar seu comportamento em relação aos colegas de partido. Até então, a candidata vinha se recusando a tirar fotos com alguns candidatos do PSB, limitando-se a nomes ligados à Rede. “Não terá atos conjuntos nesses estados (São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso). Ela vai fazer campanhas com os candidatos a vice-governador, a senador, como os nossos militantes” afirmou o parlamentar, que é um dos nomes cotados para compor a chapa com a candidatura a vice-presidente da República.
Sobre o assunto, Júlio Delgado disse que não está trabalhando para substituir Marina, e que Renata Campos, viúva do ex-presidenciável, é hoje o principal nome para vice.
Ao evitar defender um nome para vice – com exceção de Renata –, o parlamentar argumentou apenas que deve ser alguém com um perfil conciliador e que possa interceder junto ao setor do agronegócio e tenha pulso na economia, além de ser necessariamente alguém do PSB. Até porque os socialistas sabem dos riscos de Marina Silva migrar para o Rede Sustentabilidade. Ela se filiou ao PSB no início de outubro do ano passado, graças a uma articulação política conduzida por Eduardo Campos, porque não conseguiu registro do seu partido na Justiça Eleitoral.
“Sabemos que ela pode ir para a Rede. Mas hoje ela é candidata do PSB. Se ela resolver criar a Rede, que mantenha os compromissos de governo do nosso partido”, disse. Também será proposto a Marina que ela aceite a divisão do tempo de televisão na propaganda eleitoral gratuita. Marina terá metade do tempo e a outra metade será para o candidato a vice-presidente.
Peregrinação e missas
O túmulo do ex-governador Eduardo Campos no Cemitério Santo Amaro, no Recife (PE) recebeu ontem centenas de visitantes, que levaram flores, bandeiras, camisetas, chapéus de palha e páginas de jornal em homenagem ao político. As missas e o culto pelo sétimo dia da morte do ex-governador e de seus assessores Carlos Percol, Alexandre Severo e Marcelo Lyra serão realizados hoje, na capital pernambucana. Segundo o governo do estado, a missa para Eduardo será às 20h na Igreja de Casa Forte. O culto em homenagem a Carlos Percol será às 19h, na Catedral da Reconciliação, em Boa Viagem. Já a missa de sétimo dia de Alexandre Severo e Marcelo Lyra na Matriz do Espinheiro.
Lacerda: ‘Observador’
A candidatura de Marina Silva à Presidência não mudará a posição de neutralidade do prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB) em relação à disputa nacional. O prefeito afirmou que participará da campanha apenas como “observador”, mas cobrou de Marina uma posição mais conciliadora em relação às propostas que envolvem o setor do agronegócio. “A perda de Eduardo cria um desfalque grande, já que ele trazia propostas viáveis como terceira via. Bem aceitas inclusive pelo agronegócio, que é o motor da economia. Esperamos que Marina, ao se firmar, mantenha esses compromissos”, afirmou. Segundo Lacerda, sua participação na campanha até outubro ficará restrita à disputa estadual, em que o prefeito já declarou apoio ao candidato do PSDB, Pimenta da Veiga.
Com agências.