Em março deste ano, os ministros do STF julgaram inconstitucional a Lei Complementar 100/07, que efetivou os designados mineiros sem concurso. A alegação foi que, pela Constituição Federal, desde 1988, o ingresso no serviço público pode ser feito apenas por concurso público. Os ministros permitiram aos que já tivessem preenchido requisitos para se aposentar o direito de permanecer como beneficiários da previdência do estado. Os demais, de acordo com a decisão, terão de deixar o funcionalismo do estado até 1º de abril de 2015. Segundo estimativa da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, cerca de 80 mil estão nessa situação. São eles que, se a PEC for aprovada, voltam a ter direitos dos efetivos “para fins previdenciários”.
Vários dos atingidos pela decisão do Supremo sobre a Lei 100 vêm procurando os deputados nos seus gabinetes ou nas bases, onde eles fazem peregrinação em busca da reeleição. O deputado estadual João Leite (PSDB) nega que os parlamentares estejam sofrendo pressão. O tucano diz estar “ouvindo pessoas” e atribui ao Supremo uma situação social “lamentável”. O deputado federal Rodrigo de Castro (PSDB), que apresentou uma PEC em Brasília para efetivar não concursados no Brasil inteiro, desde que tenham sido contratados até cinco anos atrás, foi à Assembleia dizer que a PEC no Legislativo estadual é um braço da sua. “Como a tramitação na Câmara é mais demorada, sugeri aos colegas essa ação, que é complementar à nossa”, afirmou.
Os parlamentares afirmam que a pretensa “nova Lei 100” vai dar segurança jurídica aos designados. Eles alegam que há legislações semelhantes em vigor em outros estados com o mesmo teor, como o de São Paulo – onde a norma não foi questionada. “Para o Supremo derrubar, tem que ter uma denúncia”, ponderou João Leite, atribuindo em seguida a ação direta de inconstitucionalidade que derrubou a legislação mineira à atuação da oposição na Assembleia. O parlamentar disse que a decisão do Supremo foi contraditória ao permitir a aposentadoria de parte dos servidores e considerar a situação dos demais inconstitucional. Mesmo assim, admitiu que uma nova norma sobre o tema pode ser anulada. “Pode ser que derrubem lá na frente, mas, até lá, essas pessoas já se aposentaram. O que interessa para nós é dar a elas o direito que todo brasileiro tem”, afirmou. Já o deputado Lafayette Andrada (PSDB) alegou que já houve casos de o Supremo rever sua posição em decisões posteriores e afirmou que uma alteração na Constituição tem mais força do que uma lei.
O líder do governo, deputado Luiz Humberto Carneiro (PSDB), defendeu a PEC e disse que ela tem grandes chances de ser aprovada por unanimidade, como ocorreu com a lei complementar derrubada.