Jornal Estado de Minas

Deputado Beto Albuquerque será vice de Marina

O gaúcho Beto Albuquerque vence a disputa interna do PSB e compõe chapa a ser oficializada nesta quarta-feira. Indicação contraria ala defensora de nome de PE que representasse o legado de Campos

Jorge Macedo - especial para o EM
Denise Rothenburg,
Enviada especial

Beto Albuquerque não é unanimidade no PSB, mas conta comapoio da cúpula partidár - Foto: Sávio Gabriel/DP/D.A Press

Recife e Brasília – O líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS), será o candidato a vice-presidente da República na chapa encabeçada por Marina Silva, que deve ser oficializada hoje. Depois de mais um dia de longas reuniões no Recife, a cúpula socialista chegou ao consenso, apesar da resistência de setores do partido, sobretudo os pernambucanos, que desejavam um nome do estado, mais ligado ao legado de Eduardo Campos. A cúpula da Rede já foi comunicada da decisão e concordou com a escolha. “Esta é uma decisão exclusivamente do PSB, e a Rede recebeu a notícia com alegria”, confirmou Walter Feldmann, porta-voz da agremiação idealizada por Marina.


O anúncio oficial será feito nesta quarta-feira à tarde, durante reunião da Executiva do PSB na sede de Brasília. A intenção é que, além dos socialistas, também estejam presentes os integrantes da Rede e dos demais partidos da coalizão que apoiarão Marina Silva daqui para frente. Estava prevista uma reunião com os aliados no fim da tarde de ontem. O encontro foi adiado para hoje de manhã e desmarcado mais uma vez.

“Eu não entendo por que eles estão adiando uma decisão tão importante e, ao mesmo tempo, tão simples. A sociedade está cobrando uma postura nossa”, inquietava-se o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP).


A escolha de Beto teve o apoio da viúva de Eduardo Campos, Renata Campos, em torno de quem as decisões políticas giraram nos últimos dias. A pressa para que o nome fosse escolhido adiou o retorno da cúpula socialista a Brasília. Enquanto parte do comando partidário acompanhava a missa de sétimo dia em homenagem a Eduardo na Catedral Metropolitana de Brasília, o presidente do PSB, Roberto Amaral, e o secretário-geral do partido, Carlos Siqueira, permaneceram na capital pernambucana, para fechar um acordo com as lideranças estaduais e com Renata.

Irritação

Beto, que concorria a uma vaga de senador mas aparecia apenas em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, estava no Rio Grande do Sul na segunda-feira. Havia a expectativa de que ele participasse da missa na capital federal na manhã dessa terça-feira, mas, por volta das 10h, ele avisou a assessores que estava voando para o Recife. A troca de itinerário irritou companheiros de legenda, que reclamaram de ele ter “aberto mão da presença na homenagem a Eduardo para fazer boca de urna em Pernambuco”.


A frase, proferida por um dos expoentes da campanha do PSB, dá o tom da fissura interna que terá de ser administrada daqui para frente por Marina e Beto. Embora o nome do parlamentar gaúcho já se apresentasse como favorito desde sexta-feira, antes mesmo de os restos mortais de Eduardo Campos e das demais vítimas serem liberados para o traslado entre São Paulo e os estados natais dos mortos, incomodou alguns integrantes do PSB a desenvoltura com que Beto fazia campanha.


Ele, contudo, contava com a simpatia e o apoio do atual comando partidário, por ser um nome orgânico do PSB, com um perfil político e extremamente ligado a Eduardo. Alguém segundo avaliação dos caciques socialista, em condições de dar continuidade ao legado do presidenciável morto. Além disso, o comando partidário mostra força ao ganhar a queda de braço com os pernambucanos. A viúva de Eduardo foi consultada pelo presidente do diretório estadual do PSB, Sileno Guedes, e não apresentou qualquer objeção à escolha.


Renata era considerada o divisor de águas nessa decisão.

Em um primeiro momento, os pernambucanos queriam que ela própria se apresentasse como vice na chapa de Marina. Apesar de um discurso com conteúdo extremamente político, na segunda-feira, durante reunião com aliados, ela refutou a possibilidade. Com isso, perdeu força a pressão do prefeito do Recife, Geraldo Júlio, que desejava emplacar o nome do ex-secretário de Educação e de Cidades de Pernambuco Danilo Cabral. (Com Paulo de Tarso Lyra)

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