Segundo fontes do tribunal ouvidas pelo jornal "O Estado de S. Paulo", o voto de José Jorge, disponibilizado na noite de ontem aos demais ministros da corte, mantém a posição inicial de estender a restrição patrimonial a Graça e Zelada, apesar da pressão contrária do governo nos últimos dias e da defesa pública feita pela presidente Dilma Rousseff sobre a atuação da presidente da estatal, sua indicada ao cargo.
Permanência
Uma eventual responsabilização de Graça cria dificuldades à permanência dela no comando da Petrobras, como admitiu o próprio chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams. Ele e advogados da estatal percorreram gabinetes dos ministros da corte, nos últimos dias, na tentativa de convencê-los de que a restrição poderá trazer prejuízos financeiros à maior empresa pública brasileira, além de trazer embaraço à presidente.
Adams marcou audiência com José Jorge para a manhã de hoje, horas antes do julgamento. Questionado ontem, o relator não quis antecipar o seu voto, que pode ser alterado até o momento da sessão. Além dele, Adams pretende levar argumentos a mais dois ministros, com os quais ainda não conversou.
Se a proposta de punição for levada adiante por José Jorge, espera-se reação de outros ministros, que devem apresentar votos divergentes. A decisão final é por maioria no plenário. Segundo dois integrantes do TCU ouvidos pelo jornal, o bloqueio de bens de Graça Foster poderia trazer grandes prejuízos financeiros à estatal, que tem ações na bolsa, além de sacrificar, antes de uma "apuração aprofundada", a permanência da presidente no cargo.
No mês passado, o TCU determinou que o patrimônio de outros executivos que participaram do negócio, entre eles o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli, deverá ficar temporariamente indisponível para eventual ressarcimento de prejuízos à estatal.
Há duas semanas, José Jorge apresentou seu voto, sugerindo que os demais integrantes da corte o seguissem na decisão de bloquear os bens de Graça e Zelada. Contudo, retirou o processo de pauta após ouvir em plenário os argumentos de Adams. O chefe da AGU defende que a indisponibilidade dos bens de dirigentes da Petrobras seja avaliada de forma individualizada.
“A lei, quando fala em indisponibilidade (de bens), remete a um juízo individualizado. Eles (os ministros) podiam decidir ‘individualizadamente’ no caso dela (Graça Foster)”, afirmou Adams nessa terça-feira. .