Parlamentares de oposição defenderam nesta quarta-feira, durante audiência da CPI mista da Petrobras no Congresso, a investigação de supostas operações de transferência de bens da atual presidente da estatal, Maria das Graças Foster, e do ex-diretor da Área Internacional da companhia, Néstor Cerveró. Reportagem publicada hoje no site de O Globo mostra que, após estourar o escândalo sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), eles teriam transferido a parentes imóveis que eram de sua propriedade.
O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), foi quem leu a reportagem sobre a transferência de bens dos dois durante o depoimento do gerente jurídico internacional da estatal, Carlos Cesar Borromeu de Andrade. Bueno disse que a questão é "grave" e exigiu uma investigação por parte da CPI mista. A intervenção, entretanto, gerou um bate-boca entre ele e a deputada do PT Iriny Lopes (PT). "Não quero de novo que esta CPI seja palanque eleitoral. Não vamos aceitar palanque eleitoral", afirmou Iriny Lopes. "O povo brasileiro é que não aceita roubalheira. Está comprovado nos cartórios do Rio de Janeiro", rebateu Rubens Bueno.
O líder do PPS comparou esse fato com a proteção feita por petistas a condenados no processo do mensalão. "O senhor me respeite. O senhor está exagerando nas palavras", afirmou Iriny. "Quem fala o que não sabe, fala da própria ignorância", reagiu Bueno. O presidente em exercício da CPI mista, senador Gim Argello (PTB-DF), tentou acalmar os ânimos dos dois parlamentares, tocando a campainha para tentar encerrar a discussão entre eles. Em seguida, Gim sugeriu a Bueno que se apresentasse um requerimento para pedir aos cartórios fluminenses os registros de eventuais transferências recentes de patrimônio de Graça e Cerveró. O líder do PPS anunciou que vai apresentar esse pedido, que deve ser votado pela comissão apenas daqui a duas semanas, na semana de esforço concentrado de votações do Congresso durante o período eleitoral.