Jornal Estado de Minas

Em Minas, candidatos a deputado esquecem propostas e abusam de piadas e caretas na TV

Teve de tudo no primeiro programa destinado à busca por uma vaga de deputado estadual. Candidatos fizeram rimas e um até declamou poesia

Maria Clara Prates
A exibição da primeira propaganda eleitoral gratuita para deputados estaduais lembrou uma colcha de retalhos de estilos e temas.
A maioria, no entanto, nada afeita aos legisladores do estado. Alguns dos poucos candidatos que tiveram segundos para apresentar seu programa de mandato tentaram apelar para a criatividade e erraram na mão, com direito a apresentação de textos em formas de poesias, rimas tortas e até careta com língua para os eleitores.

Apesar de ser citada pelo candidato ao governo de Minas Fernando Pimentel (PT), a candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) não apareceu em nenhum momento no desfile dos pretendentes a uma vaga na Assembleia Legislativa, parte deles apresentada pelo próprio petista. Um contraste com o programa da coligação Avance Minas, onde o presidenciável Aécio Neves (PSDB), ao lado de Pimenta da Veiga, candidato ao governo de Minas, e de Antonio Anastasia, ao Senado, era figura carimbada no desfile dos candidatos.

Mas, se o horário eleitoral gratuito é visto com certa reserva pelo eleitor, acompanhar a apresentação de alguns pretendentes a deputado pode ser divertido ou causar susto, quando, de repente, o candidato do PCdoB Caixa aparece como se estivesse atirando e diz: “Tá, tá, tá, tá, tá na hora de votar no Caixa”. Ou quando aparece o Paulinho Cabeção (PPS) garantindo que pode pôr fim à depressão para, em seguida, fazer careta e mostrar a língua para o eleitor. E para quem prefere rima, Toinzinho oferece uma: “Vote certinho, vote no Toinzinho”.

O candidato do PR Chique não deixa por menos e apresenta uma poesia completa de sua autoria para pedir o voto. Só não vale cochilar, porque, entre uma apresentação e outra, se pode deparar com o Hot Hot do Amendoim, que pode parecer piada, mas pleiteia seu voto. Apesar de apresentadas nas mais diferentes formas, as propostas dos que enfrentam esta eleição não fogem muito do lugar-comum: educação, saúde, segurança, apoio aos aposentados e redução de impostos.
Voos mais arriscados ficam mesmo por conta dos partidos da Frente de Esquerda Socialista contrários à criminalização dos protestos, a favor da reforma agrária e dos movimentos populares pela terra.

CURRÍCULOS Mais sóbrios, os candidatos a senador evitaram inovações e preferiram exaltar seus currículos na primeira apresentação aos eleitores. Josué Alencar (PMDB) lembrou que é um herdeiro do jeito de fazer política e negócios de seu pai José Alencar, vice-presidente nos dois governos de Luiz Inácio Lula da Silva, que morreu vítima de um câncer em 2011. “A política não é para se servir, mas para servir aos outros. É essa a lição que meu pai me deixou que vou levar para o Senado”, prometeu Alencar. E para não deixar Pimentel só, reafirmou seu apoio à reeleição de Dilma e a Lula.
Anastasia ressaltou seu trabalho pela educação em Minas, estado pioneiro na implantação do ciclo básico para crianças a partir dos 6 anos. O tucano incluiu o depoimento de uma mãe, que descreveu a importância da iniciação escolar para seu filho. Anastasia também falou de sua entrada na vida pública em 1989 e ainda dos 12 anos em que participou do governo do estado, primeiro como colaborador de Aécio e, depois, ele mesmo à frente do Executivo. Os demais concorrentes ao Senado – Geraldo Batata (PSTU), Luiz Tibé (PT doB) e Pablo Lima (PCB) – puderam fazer pouco. Lima preferiu, então, usar seus poucos segundos para anunciar a campanha pela internet.


.