Mas, mesmo com o apoio familiar, a disputa não é fácil para ninguém. Propaganda eleitoral gratuita, iniciada na terça-feira, deixou claro que, em alguns casos, é preciso reforçar o parentesco. Durante os desfiles dos candidatos do Partido Verde (PV) na televisão, o candidato Daniel Roberto Soares, filho do ex-deputado federal Antônio Roberto – aposentado por invalidez ainda no seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados – conseguiu alguns segundos para se apresentar. Com pouco tempo, fez questão de aparecer ao lado do pai, que pode apenas sorrir. Daniel Roberto pretende ocupar a mesma cadeira do pai na Casa Legislativa.
Outro herdeiro, o democrata Misael Varella, que se arrisca agora na disputa política para manter os votos dos eleitores do pai, faz questão de posar ao lado do deputado federal Lael Varella, que, depois de sete mandatos decidiu pendurar as chuteiras. Toda a propaganda política de Misael, em panfletos impressos ou nas redes sociais, tem a foto do patriarca ao fundo, na tentativa de não deixar a cadeira do pai para aventureiro.
A busca do sucessor na família atinge os mais diferentes partidos e ideologias. No PSDB, o deputado federal licenciado e secretário de Ciência e Tecnologia do governo de Minas, Nárcio Rodrigues, meses antes da eleição já vinha preparando o filho Caio Nárcio para disputar um assento na Câmara dos Deputados. No PMDB, o ex-governador de Minas e deputado federal Newton Cardoso sai de cena e lança seu rebento Newton Cardoso Júnior para substituí-lo. Também no PMDB, missão difícil tem a advogada Celise Laviola, que precisa resgatar o legado político do pai, José Laviola, que, na década de 90, foi recordista de votos em todo o estado durante cinco mandatos.
Dobradinha
Mas a máxima de que “filho de peixe, peixinho é” pode ser aplicada antes mesmo da aposentadoria dos patriarcas. O deputado federal Lincoln Portela (PR) nem pensa ainda na aposentadoria e já esta com seu bloco na rua para tentar a reeleição. Isso, no entanto, não impediu que ele lançasse seu filho Léo Portela para disputar uma cadeira na Assembleia de Minas. “Sempre fiz dobradinhas com deputados estaduais de bom nível, mas que não compunham um grupo político. Diante da capacidade profissional dele, decidi lançá-lo. Veio por mérito não por ser filho”, disse. Por sua vez, Léo diz que a política em sua vida veio de forma natural.
Com o pai Celso Cota à frente da Prefeitura de Mariana, Thiago Cota (PSDB) não concorre com ele, mas decidiu se lançar na política, para deputado estadual. No ano passado, quando sua candidatura ainda se desenhava, Thiago justificou a escolha do seu nome: “Nosso grupo da Região dos Inconfidentes está sem representante na Assembleia”.
Sucessores de seus pais, alguns deputados já são obrigados a mostrar a que vieram. É o caso de Gabriel Guimarães (PT), que sucedeu seu pai, o também petista Virgílio Guimarães, em uma cadeira do Congresso, assim como Tadeu Leite, o Tadeuzinho (PMDB), que se elegeu o mais novo deputado estadual, sob as bênçãos de seu pai, o ex-prefeito de Montes Claros Luiz Tadeu Leite (PMDB). Mesma trajetória de Gustavo Perrela, que se transferiu para o Solidariedade (SDD), com assento na Assembleia de Minas, e agora tenta uma vaga na Câmara dos Deputados com o cacife do senador Zezé Perrela (PDT).Eleições.