O comando de campanha do candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, elaborou um plano de ação para cooptar aliados do ex-governador Eduardo Campos insatisfeitos com a escolha de Marina Silva como candidata do PSB ao Palácio do Planalto. Parte dos aliados de Campos, morto em um acidente aéreo no dia 13, tem resistência à ex-ministra do Meio Ambiente, em especial os mais próximos do agronegócio.
Um dos primeiros alvos da estratégia tucana é o candidato do PP ao governo de Alagoas, Benedito de Lira, que apoiava Campos na disputa presidencial. Presente ao encontro em São Paulo, o governador Teotônio Vilela (PSDB), que vai encerrar o segundo mandato em dezembro e não pode se reeleger, recebeu a missão de convencer Lira a abrir palanque para Aécio. O candidato do PP está em segundo lugar nas pesquisas, atrás de Renan Filho (PMDB), e a campanha do PSDB alagoano patina: o partido trocou de concorrente e Júlio Cézar obteve 2% no último levantamento.
Outro potencial aliado é o peemedebista Nelson Trad Filho, que estava fechado com Campos em Mato Grosso do Sul, mas já indicou descontentamento com a escolha feita pelo PSB, dada a resistência do agronegócio, setor importante da economia estadual. Trad Filho enfrenta o petista Delcídio Amaral, líder nas pesquisas locais.
Os tucanos também buscam aproximação com o governador Zé Filho (PMDB), candidato à reeleição no Piauí que dividia o palanque local entre Aécio e Campos, e o gaúcho José Ivo Sartori (PMDB).
Pizza
Na reunião no Palácio dos Bandeirantes estavam, entre outros, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; o candidato a vice de Aécio, Aloysio Nunes Ferreira; o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM); o senador José Agripino (DEM-RN), coordenador da campanha tucana; o deputado Paulinho da Força (SDD-SP) e o ex-governador Alberto Goldman. O grupo comeu pizza e debateu quais seriam as estratégias no cenário pós-Campos. "Não nos assusta o eventual crescimento de Marina nas próximas pesquisas. De qualquer forma, nosso adversário continua sendo a (presidente) Dilma (Rousseff)", afirmou Agripino.
Outro presente ao encontro relatou que o grupo já dá como certa a vantagem de Marina acima da margem de erro nos próximos levantamentos. A aposta é que a ex-ministra fique 5 pontos à frente de Aécio. Na pesquisa Datafolha divulgada na segunda-feira, 18, Marina tinha 21% e Aécio, 20%, cenário de empate técnico - Dilma ficou com 36%.
A avaliação no comando aecista é que a comoção com o velório e enterro de Campos deve ser captada nas próximas pesquisas. Marina seria vista como "a viúva" desse espólio político. Para amenizar esse efeito, os coordenadores regionais da campanha foram instruídos a fazer atos públicos para evitar a desmobilização da militância.
No fim do encontro, ficou acertado que Aécio não vai atacar diretamente Marina para "não criar um fantasma". Os correligionários vão assumir a tarefa de tentar colar a imagem de "inexperiente" em Marina. O Nordeste receberá atenção especial, para evitar que Dilma herde os votos de Campos.