Durante reunião na noite de quarta-feira, 20, na ala residencial do Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, os tucanos decidiram, nas palavras de um participante, "atuar nas divergências" formadas no bloco de apoiadores articulado por Campos.
Um dos primeiros alvos da estratégia tucana é o candidato do PP ao governo de Alagoas, Benedito de Lira, que apoiava Campos na disputa presidencial. Presente ao encontro em São Paulo, o governador Teotônio Vilela (PSDB), que vai encerrar o segundo mandato em dezembro e não pode se reeleger, recebeu a missão de convencer Lira a abrir palanque para Aécio. O candidato do PP está em segundo lugar nas pesquisas, atrás de Renan Filho (PMDB), e a campanha do PSDB alagoano patina: o partido trocou de concorrente e Júlio Cézar obteve 2% no último levantamento.
Outro potencial aliado é o peemedebista Nelson Trad Filho, que estava fechado com Campos em Mato Grosso do Sul, mas já indicou descontentamento com a escolha feita pelo PSB, dada a resistência do agronegócio, setor importante da economia estadual. Trad Filho enfrenta o petista Delcídio Amaral, líder nas pesquisas locais.
Os tucanos também buscam aproximação com o governador Zé Filho (PMDB), candidato à reeleição no Piauí que dividia o palanque local entre Aécio e Campos, e o gaúcho José Ivo Sartori (PMDB).
Pizza
Na reunião no Palácio dos Bandeirantes estavam, entre outros, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; o candidato a vice de Aécio, Aloysio Nunes Ferreira; o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM); o senador José Agripino (DEM-RN), coordenador da campanha tucana; o deputado Paulinho da Força (SDD-SP) e o ex-governador Alberto Goldman. O grupo comeu pizza e debateu quais seriam as estratégias no cenário pós-Campos. "Não nos assusta o eventual crescimento de Marina nas próximas pesquisas. De qualquer forma, nosso adversário continua sendo a (presidente) Dilma (Rousseff)", afirmou Agripino.
Outro presente ao encontro relatou que o grupo já dá como certa a vantagem de Marina acima da margem de erro nos próximos levantamentos.
A avaliação no comando aecista é que a comoção com o velório e enterro de Campos deve ser captada nas próximas pesquisas. Marina seria vista como "a viúva" desse espólio político. Para amenizar esse efeito, os coordenadores regionais da campanha foram instruídos a fazer atos públicos para evitar a desmobilização da militância.
No fim do encontro, ficou acertado que Aécio não vai atacar diretamente Marina para "não criar um fantasma". Os correligionários vão assumir a tarefa de tentar colar a imagem de "inexperiente" em Marina. O Nordeste receberá atenção especial, para evitar que Dilma herde os votos de Campos..