A defesa do deputado André Vargas (sem partido – PR), que teve o pedido de cassação de mandato aprovado esta semana pelo Conselho de Ética, não deve apresentar recurso à Justiça antes de uma decisão da Câmara dos Deputados. À Agência Brasil, o advogado do parlamentar, Michel Saliba, explicou que vai buscar, primeiro, uma resposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e que o recurso deve ser protocolado apenas na quarta-feira (27), usando todo o prazo regimental - de cinco dias - para elaborar o documento.
A falta de depoimento de Vargas naquele dia deve ser o ponto mais forte no recurso da defesa e é o argumento com maior probabilidade de ser acatado pela CCJ, segundo entende o advogado. Mas a comissão ainda terá que analisar o argumento de que a defesa não teve acesso aos autos das testemunhas.
“Tivemos oitiva de testemunhas sem o direito de vista dos autos. Pedimos cópia integral dos autos e nos foi negado. O Supremo [Tribunal Federal] deu liminar garantindo a obtenção da cópia, mas quando nos foi entregue, as testemunhas já tinham sido ouvidas e o voto do relator foi baseado naquelas testemunhas, sobre a qual nós não tivemos contraditório”, explicou Michel Saliba.
No recurso, o advogado deve questionar também o procedimento adotado pelo Conselho de Ética na última sessão, quando o pedido de cassação foi aprovado. Para garantir quórum mínimo de 11 parlamentares para que o parecer fosse votado, a pauta do dia foi invertida e, em seguida, integrantes do colegiado foram substituídos.
“A pressa é inimiga da legalidade”, criticou Saliba, ao reproduzir uma frase de Vargas na nota divulgada pelo parlamentar no mesmo dia da votação de sua cassação. No texto, o parlamentar reafirmou que não houve quebra de decoro e que o processo foi conduzido "com açodamento e politização excessiva".