Jornal Estado de Minas

Dilma diz que não pretende rever fator previdenciário

Em campanha no Sul do país, presidente afirma que mudar as regras da aposentadoria é "temerário" e criticou o uso eleitoral dos "processos naturais de flutuação da economia"

Alessandra Mello
Candidata à reeleição, a presidente Dilma Rousseff (PT) disse ontem, em Novo Hamburgo (RS), que não pretende rever o fator previdenciário, fórmula usada atualmente pela Previdência Social para calcular o valor do benefício pago aos aposentados.
Essa revisão é uma demanda das centrais sindicais que questionam o uso da expectativa de vida no cálculo do fator, alegando que isso reduz o valor do benefício. “Não vou acabar com o fator previdenciário no segundo mandato, nem tratei desta questão no primeiro”, afirmou a presidente, alegando ser uma “temeridade” mudar as regras para aposentadoria sem levar em conta a expectativa de vida.

“Acho que quem falar que vai acabar com fator previdenciário tem que falar como é que paga (os benefícios)”, disse Dilma, que visitou na cidade gaúcha as instalações do trem que interliga Porto Alegre às cidades da região metropolitana. Segundo Dilma, o governo federal investiu cerca de R$ 1 bilhão na obra, que ela classificou como uma espécie de “coluna vertebral” do transporte da região.

A presidente defendeu ainda a gestão econômica do governo frente à crise mundial e disse que é normal haver uma redução no ritmo da geração de emprego neste momento. Ela comentou ainda os dados  divulgados quinta-feira pelo Ministério do Trabalho, que apontaram a menor geração de vagas formais em julho dos últimos 15 anos. “Estamos sofrendo as consequências da crise econômica mundial.
Claro que não vamos manter a mesma geração de emprego que nós tínhamos no início do governo, de quando saímos do desemprego e passamos a crescer”, disse. “No Brasil não tem situação de desemprego. É óbvio que tem uso eleitoral dos processos de flutuação da economia.”

Sobre o combate à inflação, um dos temas explorados pelos adversários, a candidata disse que não é possível reduzir a inflação sem falar em cortes nos programas sociais. “Alguém que falar para vocês que vai reduzir a meta da inflação no dia seguinte tem de cortar programa social. A equação simplesmente não fecha”, argumentou.

Dilma negou que os atos de campanha atrapalhem o trabalho como governante. “A minha ação como presidente passa por olhar obras.” Segundo ela, antes, sua agenda combinava tarefas de gestão com eventos para a entrega de obras nas cidades. “Agora aproveito meu tempo como candidata para fazer duas coisas: faço supervisão das obras, fiscalizo as obras. Você sabe aquela frase célebre: ‘O olho do dono engorda o boi...’ Se tiver alguma coisa errada, eu, como presidenta, vou ver.” Após a entrevista, ela visitou instalações do Aeromóvel de Porto Alegre antes de participar de comício do PT na capital gaúcha. (Com agências)
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