Brasília, 24 - Após o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa decidir fazer delação premiada, a candidata à reeleição Dilma Rousseff disse neste domingo, 24, que "não se pode confundir as pessoas com as instituições" e que a estatal está acima de eventuais desvios de conduta cometidos por seus integrantes.
"A Petrobras é muito maior que qualquer agente dela, seja diretor ou não, que cometa equívocos, crimes -ou, se for julgado, que se mostre que foi condenado. Isso não significa uma condenação da empresa. Não se pode confundir as pessoas com as instituições", disse Dilma, que convocou uma coletiva de imprensa na manhã de ontem no Palácio da Alvorada.
"O Brasil e nós todos temos de aprender que se pessoas cometeram erros, mal-feitos, crimes, atos de corrupção, isso não significa que as instituições tenham feito isso. Inclusive, nas instituições - qualquer uma - e nas empresas - inclusive nas que vocês trabalham -, pode ocorrer isso", prosseguiu a petista, dirigindo-se aos repórteres.
A Polícia Federal deflagrou na semana passada a quinta fase da operação Lava Jato, vasculhando endereços de 13 empresas de consultoria, gestão e assessoria, ligadas a uma filha, a um genro e a um amigo do ex-diretor da Petrobras. A Procuradoria da República apontou "vertiginoso acréscimo patrimonial" dessas empresas na época em que Costa foi diretor da Petrobrás.
A Lava Jato investiga suspeitas de existência de um suposto esquema de lavagem de bilhões de reais. "Não existe nenhuma instituição acima de qualquer suspeita quando se trata dos seus integrantes. Porque os homens e as mulheres é que falham, não são as instituições necessariamente", comentou Dilma. "A Petrobras está acima disso. Eu não tenho o que comentar sobre a decisão de uma pessoa presa fazer ou não delação premiada, isso não é objeto do interesse da Presidência da Republica."
Getúlio
Ontem, dia que marcou os 60 anos da morte de Getúlio Vargas (1882-1954), a presidente almoçou no Palácio da Alvorada com o escritor e jornalista Lira Neto, autor de uma série biográfica sobre o ex-presidente. A única atividade de campanha foi a coletiva de imprensa.
"Estou no fim do terceiro livro sobre o Getúlio e considero essa trilogia magistral, porque é extremamente bem escrita, mas também pela pesquisa que realizou, pesquisa que a gente vê detalhada, foi nos anais do Congresso, levantamento de fontes primárias", disse Dilma, destacando que um país é feito da sua "história, memórias e suas lideranças políticas".
"Acredito que se nós não entendermos a história do nosso país não entenderemos a construção da nação brasileira. Esse livro do Lira Neto é importantíssimo", comentou.
Dilma encerrou a coletiva de imprensa prometendo chamar os repórteres que cobrem a Presidência da República para comer macarrão. No horário eleitoral, a candidata apareceu colocando macarrão em uma travessa, em um esforço da campanha para humanizá-la e aproximá-la da realidade dos eleitores. "Vocês vão gostar, eu chamo (para comer macarrão) e aceito críticas", disse, bem-humorada.