O ano eleitoral é sinônimo de muito trabalho para os candidatos que disputam cargos públicos. Para o aposentado Edson Pedra Rica, de 65 anos, também. Trabalho esse que ele faz com um sorriso estampado no rosto, apesar de não ganhar um centavo sequer. A atividade é cansativa até mesmo para os mais jovens. Afinal de contas, seu Edson percorre todos os 14 municípios da Região Metropolitana utilizando ônibus e metrô. Às vezes, vai para o Agreste. O que ele faz em cada uma dessas cidades? Recolhe santinhos de candidatos para incrementar seu acervo pessoal.
São seis cadernos e 12 anos de muitas histórias para contar. E ainda há várias páginas em branco que o seu Edson pretende preencher.
Dois anos mais tarde o caderno pequeno, de 96 folhas, foi substituído por um maior, com mais de 200 páginas. O trabalho também aumentou: além de recolher os santinhos, seu Edson passou a registrar também o nome completo de cada candidato, o ano de nascimento e a quantidade de votos nas urnas.
Para que o acervo esteja bem produzido após as eleições, é preciso adquirir os santinhos. O trabalho de coleta tem início sempre às 7h, quando seu Edson sai de casa, em Santo Aleixo, Jaboatão dos Guararapes. Durante o dia, vai ao diretório dos partidos em cada uma das cidades, solicitando os materiais. “Quando não tem, eu ando pela rua. Sempre tem um jogado e eu pego”, comenta ele, que não se incomoda com o calor e com o trabalho de utilizar vários ônibus durante o dia. Os melhores dias de coleta são os sábados. “É dia de feira e os candidatos sempre gostam de fazer caminhadas”, afirma, com razão.
Muitos amigos chegam até a deixar alguns santinhos na casa do aposentado.
Organização
É um trabalho meticuloso, que precisa de muita concentração. Tanto que é durante as madrugadas que acontece. “Não tem rádio tocando, nem carro passando. Começo às 21h e fico até o início da manhã”, fala seu Edson, sem esboçar nenhum incômodo pela jornada de trabalho. A organização do material segue uma ordem: nas primeiras páginas, ficam os santinhos dos candidatos eleitos, que são organizados de acordo com a quantidade de votos. Em seguida, os candidatos não eleitos também têm espaço nos livros do aposentado.
“Enquanto Deus me der saúde, pretendo continuar”, finaliza seu Edson, informando que, no futuro, pretende doar o acervo para o Tribunal Regional Eleitoral ou ao Instituto Histórico de Jaboatão dos Guararapes..