Jornal Estado de Minas

Reunião na Câmara de de BH tem clima tenso com bate-boca entre vereadores

Com troca de acusações entre vereadores, a reunião extraordinária da Câmara Municipal de Belo Horizonte teve momentos de baixaria entre os parlamentares

Marcelo da Fonseca

Policial conversa com Iran Barbosa (de terno) e com Gilberto (blusa vinho) e registra boletim de ocorrência - Foto: Marcelo da Fonseca/EM/D.A press


A sessão extraordinária da Câmara Municipal de Belo Horizonte, nessa segunda-feira à tarde, quase terminou em pancadaria entre os vereadores. Com as galerias da Casa cheias de servidores e integrantes de associações de bairros – alguns acusados por vereadores da oposição à prefeitura de serem pagos para pressionar o Legislativo –, o clima foi de tensão e com muitos bate-bocas, que se estenderam até a noite. No final da tarde, a Polícia Militar foi chamada para registrar uma troca de ameaças entre o vereador Iran Barbosa (PMDB) e o morador do Barreiro Gilberto Nascimento, que afirmou ter sido chamado de bandido pelo parlamentar. Já o peemedebista disse ter sido ameaçado e que Gilberto seria um funcionário não concursado da PBH.

Desde o início da tarde, o clima era de confronto entre os vereadores da oposição, que impediam a tramitação de projetos de interesse da prefeitura, e as pessoas que acompanhavam a reunião das galerias. Foram espalhadas faixas e cartazes nas grades do plenário pedindo aos parlamentares que aprovassem o projeto de refinanciamento das dívidas com a PBH. Quando a oposição tentava obstruir a votação por meio de manobras regimentais, a plateia disparava vaias e xingamentos, pedindo que a Câmara votasse o que estava na pauta.

“Não adianta trazer pessoas pagas pelo prefeito (Marcio Lacerda) para nos intimidar e obrigar vereadores a aprovaremprojetos sem discuti-los.
Não vai funcionar”, discursou Iran Barbosa, em meio às vaias do público. Segundo o grupo de oposição, a prefeitura tem impedido a aprovação de requerimentos para discutir as desapropriações das ocupações urbanas na capital e a criação de uma CPI para investigar a queda do Viaduto Batalha dos Guararapes, na Avenida Pedro I. Os vereadores também criticam os projetos apresentados pela PBH para o refinanciamento das dívidas e para a criação da comissão que vai gerir o Hospital do Barreiro.

Integrantes da base governista defenderam a importância dos projetos para a cidade, mas, apesar de ser maioria no Legislativo Municipal, eles não conseguiam encontrar uma forma de driblar a obstrução oposicionista. “Não faz sentido abrir uma CPI enquanto ainda está sendo feito um trabalho de perícia para apurar a queda do viaduto. A oposição está fazendo um embate eleitoral sem sentido. Vamos ficar até de madrugada para votar esses projetos. A oposição de uma forma incoerente impede esse trabalho”, rebateu o vereador Preto, líder do prefeito na Casa.

Ofensas

Preto e Iran trocaram várias ofensas no plenário e por pouco não entraram em confronto direto. Os outros parlamentares separaram os dois vereadores, que continuaram se desentendendo durante a sessão. “Cara feia para mim é fome. Tem vereador que acha que intimida os colegas. Mas, se o problema for comigo, a gente resolve de outro jeito lá fora”, afirmou Preto.


A Câmara não vota nenhum projeto desde junho por causa de um impasse entre vereadores da base aliada à prefeitura e parlamentares da oposição. As disputas ocorrem por divergências sobre os projetos que propõem a criação da comissão para gerir o Hospital do Barreiro e outra para conceder desconto de até 90% e parcelamento em até 120 meses das multas e juros para contribuintes em dívida com o fisco, entre eles devedores do IPTU. Até o fechamento desta edição, os vereadores ainda não tinham votado as propostas da pauta.

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