Brasília – A ascensão de Marina Silva (PSB) nas pesquisas de intenção de voto – nesta terça-feira será divulgada um novo levantamento da corrida ao Palácio do Planalto – intensificou o bombardeio de tucanos e petistas à presidenciável socialista na véspera do primeiro debate na televisão.
No Rio, Aécio ironizou nessa segunda-feira a intenção do PSB de governar com apoio de dos ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Dilma, que já questionara no domingo as declarações de Marina, ao afirmar que um presidente que não se preocupar com a gestão está querendo ser a rainha da Inglaterra, aproveitou ontem, ao responder uma pergunta sobre atraso no pagamento de obras do PAC, para criticar novamente a adversária, sem citar o nome dela. “A atividade de presidente da República não é uma atividade que seja lateral ele gerir. É intríseco ao presidente da República se preocupar com gestão, porque se ele não se preocupar com a gestão, esse presidente está querendo ser rei ou rainha da Inglaterra”, disse.
A nova estratégia de ataque conjunto à ex-ministra ministra do Meio Ambiente é motivada por razões diferentes. Os tucanos querem conter o crescimento de Marina e evitar que ela, e não Aécio Neves (PSDB), chegue ao segundo turno. Já os petistas estão tensos porque os primeiros números divulgados mostram que Marina venceria Dilma Rousseff em um eventual segundo turno, encerrando a hegemonia do PT no Palácio do Planalto que já dura 12 anos.
Os adversários de Marina também cobram explicações sobre o avião alugado pela campanha socialista e que matou Eduardo Campos.
Em 2008, Marina deixou o cargo de ministra por divergências com a então chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o então ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Mangabeira Unger. Um ano depois, para concretizar o projeto de concorrer ao Planalto em 2010, ela deixou o PT e filiou-se ao PV. “O que aconteceu? Marina perdeu a eleição e deixou o PV em 2011, alegando divergências internas com a cúpula do partido que a havia abrigado”, disse um parlamentar petista. Marina tentou criar a Rede Sustentabilidade, mas teve o registro negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Ela nem sequer conseguiu montar o próprio partido”, completou o petista.
Marina, que ontem fez campanha na Bienal do Livro, em São Paulo, admitiu que o momento será de responder aos ataques. “Essa é uma campanha na qual vamos ter que oferecer a outra face. Vamos oferecer a outra face e caminhar com sabedoria”, garantiu ela. (Colaborou Grasielle Castro)
Alvo preferencial
Marina Silva vira alvo de tucanos e petistas durante a corrida eleitoral. Confira alguns argumentos que serão usados contra ela
Inexperiência administrativa
A candidata do PSB já começou a ser questionada ao longo do fim de semana sobre o fato de nunca ter tido experiências como governante. Ela foi ministra por cinco anos e meio e senadora pelo PT
Falta de quadros para governar
Tanto PSB quanto a Rede Sustentabilidade (que nem sequer foi criada) teriam poucos nomes técnicos e políticos para formular propostas ao país
Falta de sustentabilidade política
O PSB tem uma coligação pequena. O discurso contra o formato político atual dificulta uma política de alianças que dê estabilidade parlamentar para que Marina implante as medidas que julgar necessárias
Avião suspeito
O PSB está enrolado para explicar de quem é o jato que caiu em 13 de agosto, matando Eduardo Campos e outros integrantes da campanha do candidato socialista
Intransigência
Marina é conhecida por ser pouco conciliadora.
Ambiguidade no discurso
Marina ainda passa a impressão de não saber conciliar o discurso da sustentabilidade com o crescimento econômico. Adversários e empresários têm vivo na memória as críticas feitas por ela à construção de algumas rodovias e hidrelétricas do PAC
Discurso econômico básico
A socialista não apontaria os meios para retomar o crescimento econômico, limitando-se a propor a retomada do tripé câmbio flutuante, meta de inflação e responsabilidade fiscal
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