O Jornal Nacional mostrou na edição de ontem que empresas de fachada transferiram recursos para a A.F. Andrade, de Ribeirão Preto, oficialmente dona da aeronave. O empresário João Carlos Lyra teria assinado um compromisso de compra do avião da A.F. Andrade no valor de R$ 18,5 milhões. Os empresários pernambucanos teriam pago R$ 2,5 milhões ao grupo e herdariam um débito de R$ 16 milhões. A Bandeirantes Companhia de Pneus e a Br Par foram indicadas por João Carlos Lyra para assumir o negócio, mas a Cessna recusou por avaliar que as duas empresas citadas não tinham capacidade econômica.
João Carlos Lyra diz que tomou emprestado R$ 727,8 mil da empresa Ele Leite Ltda. O empresário não mencionou o valor que emprestou do filho do seu padrasto, o advogado Luiz Piauhylino Filho. A Bandeirantes pertence ao empresário Apolo Santana Filho. Ele informou, em nota, que chegou a ter interesse pelo avião, mas que o negócio não foi adiante. O mesmo empresário é dono de outro jato que também já foi usado por Eduardo Campos durante a campanha presidencial.
No texto, assinado pelo presidente do PSB, Roberto Amaral, a sigla afirma que pretendia “proceder à contabilização ao término da campanha eleitoral, quando, conhecida a soma das horas voadas, seria emitido o recibo eleitoral, total e final”. Ainda de acordo com o comunicado, o partido atesta que há dificuldades para recolher os documentos necessários para os devidos esclarecimentos. “A tragédia, com o falecimento, inclusive, de assessores, impôs conhecidas alterações tanto na direção partidária quanto na estrutura e comando da campanha, donde as dificuldades enfrentadas no levantamento de todas as informações que são devidas aos nossos militantes e à sociedade brasileira.”
INVESTIGAÇÃO A Polícia Federal comunicou na manhã de ontem que instaurou inquérito policial apenas para apurar as causas do acidente da aeronave prefixo PR-AFA. “A PF esclarece que investigações sobre crimes eleitorais só podem ser iniciadas após requisição ou autorização da Justiça Eleitoral”, atesta a nota.
A assessoria de comunicação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) destacou que a campanha de Campos poderia prestar contas em relação ao avião no fim da campanha. O PSB não informou na nota como o jato seria declarado já que, de acordo com as regras eleitorais, a doação da aeronave só poderia ter sido feita por uma empresa de táxi-aéreo. A A.F. Andrade encontra-se em processo de recuperação judicial.
Um dia antes de o PSB divulgar a nota sobre o uso do avião, Marina Silva mencionou que os documentos estavam sendo recolhidos pela legenda. “Esse é um esforço que o partido está fazendo, com o termo de responsabilidade que temos que ter numa questão dessas. O partido está juntando as informações e, no momento oportuno, dará explicações à sociedade.”
"A tragédia, com o falecimento, inclusive, de assessores, impôs conhecidas alterações tanto na direção partidária quanto na estrutura e comando da campanha, donde as dificuldades enfrentadas no levantamento de todas as informações que são devidas aos nossos militantes e à sociedade brasileira" - Trecho da nota do PSB.