Sob o olhar de um retrato sorridente de Getúlio Vargas, a presidente e candidata à reeleição pelo PT Dilma Rousseff enfrentou nesta quarta-feira um prato de arroz, feijão, salada, sobrecoxa de frango e abóbora no restaurante popular que tem o nome do presidente e ícone trabalhista, em Bangu, zona oeste da capital fluminense.
Dilma estava ao lado de Anthony Garotinho, que, quando governou o Rio, de 1999 a 2002, criou o programa para vender refeições a R$ 1, com subsídio. Mas, em respeito à lei eleitoral e vigiada por fiscais do Tribunal Regional Eleitoral, não pediu votos, nem fez discursos, nem distribuiu panfletos. Fez imagens para a propaganda eleitoral, liquidou a refeição em menos de quinze minutos e foi embora em meio a tumulto, blindada por seguranças e sem dar entrevistas. "Ela gostou muito, disse que a ideia é maravilhosa e que vai levar para todo o Brasil", disse Garotinho, em entrevista no Estádio do Bangu, depois que a presidente deixou o local. "Perguntou quanto era, gostou do ambiente, gostou do carinho das pessoas, gostou da comida. (Disse) 'Puxa, não está tão salgada, está boa', estava com bom paladar. Gostou."
Foi uma visita rápida. Repórteres, isolados em um balcão no segundo andar, a acompanharam de longe e de cima.
Moeda
Ao chegar, Dilma ganhou uma moeda de R$ 1 da ex-governadora Rosinha Garotinho para pagar a refeição, segundo a deputada estadual Clarissa Garotinho (PR). Às 12h25, entrou no restaurante e começou a cumprimentar funcionários e usuários do restaurante. Depois, pegou sua bandeja e entrou na fila. O ambiente alegre contrastava com o tom trágico do trecho da Carta-Testamento de Vargas, deixada pelo presidente ao se matar em 24 de agosto de 1954 e reproduzido abaixo da foto que adorna o restaurante. "Ao ódio respondo com o perdão. E aos que pensam que me derrotaram respondo com minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém."
A presidente deixou no prato parte da abóbora. Não tinha se servido da sobremesa, uma fatia de melão.
"Acho que agora ela deve cumprir uma agenda com o Lindbergh (Farias, candidato do PT), deve cumprir uma agenda com o (Marcelo) Crivella (candidato do PRB) e deve voltar ao Rio para aparecer com o (governador e concorrente à reeleição pelo PMDB Luiz Fernando) Pezão no meio do povo, porque o Pezão a escondeu em uma churrascaria", ironizou, lembrando o evento do peemedebista com Dilma e prefeitos em 24 de julho, na Baixada Fluminense.