Ele aparece com apenas um ponto percentual em todas as pesquisas de intenção de voto, mas foi quem mais chamou a atenção no primeiro debate entre os presidenciáveis na noite da última terça-feira (26). A participação do médico sanitarista e candidato do PV à Presidência da República, Eduardo Jorge, 65 anos, foi um dos assuntos mais comentados nas redes sociais. Chegou a ser chamado de “Mujica brasileiro”, referência ao presidente do Uruguai, José Mujica, que, como ele, é a favor do aborto e da liberação da maconha. Como o uruguaio, Eduardo Jorge nunca usa terno – era o único no debate que não portava o traje – e costuma ser visto chegando aos compromissos de campanha de transporte coletivo. A defesa pelo candidato de temas considerados tabus foi alvo de vários memes positivos, como são chamadas as referências feitas a determinadas pessoas ou assuntos que alcançam grande popularidade na internet. Mas também “apanhou” por causa de um comentário a respeito da aparência da candidata do PSB, Marina Silva, chamada por ele de “magrinha”. O PV aproveitou a onda de popularidade e compilou em sua página na internet as declarações do candidato que mais geraram comentários.
Ao questionar a candidata do PSB sobre a dívida pública brasileira, Eduardo Jorge disse que, se ela fosse auditada, sairia “magrinha”.
Mas não foi só Marina que se irritou com Eduardo Jorge. Nessa quarta-feira, em entrevista a um portal de notícias, ele defendeu o fim do salário para vereadores. Segundo ele, se eleito, vai propor projeto para acabar com o salário dos vereadores em todo o país. Na opinião do candidato, com essa medida seria possível aumentar o número de vereadores e fortalecer a democracia representativa. “Porque a gente quer que o povo volte a gostar da democracia representativa”, defendeu o candidato, que, até 2003, era filiado ao PT.
Proposta semelhante foi defendida por ele em Belo Horizonte, em campanha no início deste mês, ao lado dos vereadores Leonardo Mattos (PV) e Sérgio Fernando (PV), que, na mesma hora, protestaram contra a fala do candidato. A reação levou Jorge a admitir que há falta de apoio ao projeto dentro do partido.
‘Lei cruel’
Na terça-feira (26), em sua participação no debate, Eduardo Jorge criticou a atual legislação brasileira, que considera crime a interrupção da gravidez e permite que ela seja feita apenas se não houver outra forma de salvar a vida da gestante ou no caso de gravidez resultante de estupro. Para ele, a legislação é cruel. “Ela (a lei) coloca 800 mil mulheres à própria sorte, procurando clínicas clandestinas e morrendo ou ficando com sequelas”, disse Jorge, que questionou o candidato do PSDB, Aécio Neves, sobre o tema e ouviu do tucano que, se eleito, não mudaria a lei que trata do assunto.
Ao ser indagado sobre formas de reduzir a violência, Eduardo Jorge surpreendeu ao defender a regulamentação das drogas como uma maneira de combater a esse problema. Em entrevistas anteriores, o candidato já vinha defendendo a regulamentação da maconha, proposta que consta inclusive de seu programa de governo. No debate, ele se posicionou ainda a favor do sistema parlamentarista e do fim do voto obrigatório, citou Leon Tolstói , John Lennon e Mahatma Gandhi ao defender a cultura de “paz e amor”..