Segundo balanço divulgado nesta quinta-feira, 28, pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o gasto médio mensal com água por domicílio na região do Jaçanã, que inclui bairros como Edu Chaves, Vila Mazzei e Vila Gustavo, caiu 20,4% entre janeiro e junho, ou 2,93 mil litros, o melhor índice entre 27 regiões atendidas pela empresa.
A área é atendida exclusivamente pelo Sistema Cantareira, que passa pela pior estiagem em oito décadas, e opera desde o mês passado apenas com água do chamado "volume morto" das represas.
Já a região que compreende os Jardins Paulista, Europa, América, na zona sul da capital, além de Alto de Pinheiros, Lapa e Perdizes, na zona oeste, foi a que menos economizou água na cidade, apenas 7,4%, segundo a Sabesp. A redução foi de 1,44 mil litros por domicílio entre janeiro e junho.
Essa região era integralmente atendida pelo Cantareira, mas no início do ano, por causa da crise do maior manancial paulista, alguns bairros, como Alto de Pinheiros, passaram a receber água do Sistema Guarapiranga, da zona sul da capital. Segundo a Sabesp, em toda a cidade, a economia média por domicílio foi de 2,52 mil litros no primeiro semestre.
Para a empresa, o resultado é fruto do programa de bônus lançado em fevereiro, que dá desconto de 30% na conta para quem reduzir o consumo em ao menos 20%. De acordo com a Sabesp, a economia da população em toda a Grande São Paulo responde por 30% dos cerca de 10 mil litros por segundo que deixaram de ser retirados do Cantareira no período.
Medidas
Para o gerente técnico do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumir (Idec), Carlos Thadeu de Oliveira, a economia pela população pode ser "forçada" por causa de uma outra medida operacional adotada pela Sabesp: a redução da pressão da água à noite. "O balanço mostra que bairros mais afastados e pobres economizaram mais. São nessas regiões que verificamos mais queixas de falta d’água. Não acredito que os ricos sejam menos sensíveis à crise.
É o caso da assistente de produção Raquel de Morais Amendoeira, de 31 anos, que mora no Limão, zona norte. Ela conta que reduziu o consumo de água e atingiu o bônus porque, desde o carnaval, a água não chega mais em sua residência a partir das 20 horas. "No meu caso, não tive escolha. Como não tem água quando chego da faculdade, deixei de tomar banho."
Segundo a Sabesp, a redução da pressão da água na rede representa 20% da economia obtida na Grande São Paulo e não significa racionamento. A estatal afirma que só domicílios que não têm caixa d’água como determina a norma técnica podem ficar sem água. .