O apoio do PMDB é de grande importância para os planos de Marina, que, em caso de vitória, disse que vai trabalhar no Congresso para aprovar duas reformas constitucionais: a política e a tributária. Para tanto, precisaria de, pelo menos, 49 votos dos 81 senadores. A tendência é que, após as eleições, o PMDB permaneça com a maior bancada no Senado - atualmente tem 19 senadores -, o que lhe garante direito, pelo regimento interno, a indicar o presidente do Senado e do Congresso, e o comando da principal comissão, a de Constituição e Justiça (CCJ). Com esses dois postos, o andamento das propostas poderiam ser facilitadas ou dificultadas.
A avaliação é a de que a "bancada" de Marina sozinha - que abrigará apoios individuais de integrantes do PSB, PMDB, PT, PSDB, PDT, entre outros partidos - deve ter no máximo 40 parlamentares. Os apoios de bancadas completas não estão certas por enquanto, exceto o do próprio partido dela, o PSB.
A "presidente-Marina" tem boas relações com senadores peemedebistas que atualmente não têm ascendência sobre os colegas, como o candidato à reeleição Pedro Simon (RS), que nem sequer participa das reuniões da bancada. Teria de fazer acenos para conquistar apoios no partido.
Um cacique peemedebista disse que a relação de Marina com o PMDB vai depender da "sinalização" que ela dará logo no início da gestão, caso vença. "Ninguém vai implodir o País numa primeira circunstância", disse. "A oposição não é uma empresa de demolição", completou, numa indicação de que o partido não iria, desde logo, para o confronto. Outro senador do partido que conviveu com Marina no Senado disse estar "com um pé atrás". "Ela vai ter que conversar com a gente. Não dá para ter posições inflexíveis, como na discussão do Código Florestal", avaliou.
Ponte
O candidato a vice de Marina, Beto Albuquerque, é apontado por senadores como uma possível ponte dela diante da ausência de um interlocutor forte, por ora, no PMDB. Ligado ao agronegócio, Beto já acenou a senadores que está à disposição para se aproximar do partido.
Presidente da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) afirmou que Marina não pode ser "higienista" e "seletiva" no Senado, como fez ainda quando era vice de Campos, ao vetar o apoio do deputado Ronaldo Caiado (DEM), expoente do agronegócio. "Não aceito nenhum tipo de seleção", criticou. "Ela começou muito mal quando disse que governa com pessoas e não com partidos", completou, fazendo referência a discursos recentes da candidata.
Ligado a Marina, Pedro Simon, por sua vez, aposta na renovação e na participação popular para conquistar os votos dos senadores - inclusive do PMDB. "Eu duvido que o governo vai pressionar alguém para votar", disse..