Os parlamentares da base do governo avaliaram também que a propaganda exibida ontem pode ser "um tiro no pé". Compararam ainda a estratégia ao "discurso do medo", usado contra o próprio PT em 2002, e lembraram que a comparação pode ser facilmente rebatida pelo PSB, uma vez que Collor é aliado do Palácio do Planalto e faz parte da coligação de apoio à reeleição de Dilma em Alagoas.
No programa de TV de Dilma veiculado ontem Marina é apresentada como uma candidata que conta com base de apoio de 33 deputados, número insuficiente para aprovar propostas legislativas. Em seguida, o narrador coloca em dúvida se a ex-ministra "teria jeito para negociar" e diz que o Brasil já elegeu "salvadores da pátria, chefes do 'partido do eu sozinho'". "E a gente sabe como isso acabou", conclui o narrador, referindo-se à renúncia de Jânio Quadros e ao processo de impeachment contra Collor, hoje senador pelo PTB de Alagoas.
"Eu não usaria o Jânio nem o Collor. São coisas e momentos diferentes", afirma o deputado Devanir Ribeiro (SP). "Comparar a Marina ao Jânio não é a melhor maneira. Acho muito ruim essa linha de críticas", acrescenta Vicente Cândido (SP), que também cobra mudanças na estratégia de campanha.
"Ela saiu do PT e do PV, não conseguiu criar a Rede e entrou no PSB criando atritos", diz o parlamentar. "É preciso mostrar quanto custa o Brasil que a Marina está prometendo".
O presidente do PT, Rui Falcão, reuniu nesta quarta em Brasília membros da bancada do PT na Câmara e, segundo a reportagem apurou, ouviu queixas sobre o programa de TV de Dilma. Deputados alegaram que a comparação com Jânio e Collor "não é a melhor abordagem". "Houve essa percepção de que erraram a mão", resume um petista que participou do encontro..