Brasília – O embate entre representantes do movimento LGBT e evangélicos no último fim de semana, que provocou mudanças no programa de governo de Marina Silva (PSB) e trouxe para o olho do furacão do debate os candidatos Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), está longe de ser uma exceção. A um mês das eleições presidenciais, será cada vez maior a pressão dos grupos sociais e econômicos para tentar emplacar teses e propostas nos programas de governo dos postulantes ao Palácio do Planalto. Sindicatos, empresários, religiosos e sociedade civil organizada vão se engalfinhar em um terreno que, nem sempre, deixa espaço para outros ocupantes.
Toni acrescentou que, se fosse para olhar apenas as reivindicações dos homossexuais, seria fácil pregar o voto em Luciana Genro (Psol). “Mas nós temos que ver o candidato que atenda nossas bandeiras e tenha também propostas para a educação, saúde e economia”, disse ele, que comemorou as palavras de Dilma a favor da criminalização da homofobia.
Um dos principais expoentes da bancada evangélica na Câmara, Ronaldo Fonseca (PR-DF) afirmou que os religiosos vão defender propostas que valorizem as bandeiras deles, mais tradicionais e voltadas a um público mais conservador. Ele considera naturais os embates entre a comunidade gay e o pastor Silas Malafaia no último fim de semana. Fonseca não vê a prevalência de algum candidato sobre o outro, embora Marina seja evangélica. “Sabemos que apanhamos muito do PT. Eles sabem que pisaram na bola conosco. Mas, agora, durante as eleições, o discurso de todos os candidatos passa a ser o mesmo”, comparou ele.
A Força Sindical, cujos principais integrantes da diretoria apoiam o tucano Aécio Neves, abrirá na próxima semana o convite para todos os candidatos ao Planalto para que exponham o que pensam sobre o país. “Não podemos ser excludentes. Quem for eleito em outubro governará para todos os brasileiros”, disse o presidente da Força Sindical, Miguel Torres. Ao lado do ex-presidente da entidade e do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SDD-SP), Torres tem participado de atos de apoio a Aécio. Nos próximos dias, inclusive, está prevista uma reunião com mulheres trabalhadoras. A Central Única dos Trabalhadores (CUT), por sua vez, já se declarou fechada no apoio à reeleição da presidente Dilma.
Um dos parlamentares mais próximos do setor produtivo, especialmente da agropecuária, Jerônimo Goergen (PP-RS) disse que os empresários do campo e da cidade ainda têm muita resistência à presidente Dilma Rousseff. Goergen admite uma empatia do empresariado com Aécio. A interlocução com Eduardo Campos também fluía com naturalidade. Mas a entrada de Marina como candidata muda o cenário. “Marina ainda é pouco confiável, ela não diz de maneira clara quais são suas propostas e como vai implementá-las”, disse o deputado.