Paulo de Tarso Lyra
Brasília – Pelo segundo dia consecutivo, a presidente Dilma Rousseff insinuou que, em um eventual segundo mandato, promoverá mudanças na equipe de governo. A diferença é que, desta vez, ela foi mais específica e deu a entender que, caso vença as eleições de outubro, as trocas ocorrerão inclusive na equipe econômica. Questionada sobre a permanência do ministro da Fazenda, Guido Mantega, Dilma respondeu: “Eleição nova, governo novo, equipe nova”, afirmou, em Fortaleza. “Faz todo o sentido ela dizer isso, pois a equipe econômica tem sido muito criticada, e já faz tempo. O problema é que a presidente perdeu o timing”, afirmou o professor de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) João Saboia.
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Após atividade de campanha na capital cearense, contudo, Dilma evitou apontar quais nomes fariam parte dessa nova equipe. “Não nomeio ministro em segundo mandato, eu não fui eleita. Não sei se vocês lembram (o que aconteceu) quando sentaram na cadeira antes da eleição”, lembrou ela, sem citar diretamente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que, em 1985, sentou na cadeira de prefeito de São Paulo e acabou perdendo as eleições para Jânio Quadros. Embora diga que dá azar abordar esse assunto antes da apuração dos votos, ela insistiu no tema. “Eu não falo disso porque dá azar falar de uma coisa que ainda não ocorreu. Mas é governo novo, equipe nova. Não tenha dúvida disso”, emendou.
A presidente já havia dito isso na véspera, em atividade de campanha com empresários em Belo Horizonte. “Declarei (anteriormente) que considerava tão importante a política de desenvolvimento em geral que faria um Conselho de Desenvolvimento ligado diretamente à Presidência da República. Reitero o meu compromisso. Obviamente, novos governos, necessariamente atualização das políticas e das equipes”, disse ela.
O economista-chefe da Opus Investimentos, José Márcio Camargo, considerou as declarações de Dilma inócuas. “Ela já tinha dado sinais de que o manteria no Ministério da Fazenda só até o fim deste mandato. Portanto, a expectativa da mudança do titular da pasta já é algo esperado pelo mercado, está no preço. Não muda nada”, comentou Camargo.
BANCOS PÚBLICOS Em evento no Ceará, Dilma disse que os seus adversários querem acabar com o programa Minha Casa, Minha Vida. Segundo ela, eles são contra o subsídio dos bancos públicos e querem praticar tudo “a preço de mercado”. As declarações da petista foram dadas durante visita ao condomínio Cidade Jardim, construído pelo programa de habitação do governo federal. Dilma visitou duas famílias e gravou programas para ir ao ar no horário eleitoral. À noite, a presidente participou ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de comício em Brasília Teimosa, bairro da Zona Sul do Recife. Mais cedo, Lula participou de outro comício em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, onde afirmou não ter dúvidas de que a pessoa mais preparada para tomar conta do país é a sua ex-ministra.