A maior doadora até a primeira parcial das contas foi o frigorífico JBS, que está bancando R$ 59 milhões em gastos de candidatos e partidos neste ano. Sozinha, a empresa representa 15% do total de R$ 390 milhões arrecadados de doadores que contribuíram com mais de R$ 100, conforme levantamento da Transparência Brasil e do Estadão Dados.
Em seguida, vêm a construtora OAS, a fabricante de bebidas Ambev e a construtora Queiroz Galvão, com R$ 17 milhões, R$ 16,7 milhões e R$ 11,3 milhões, respectivamente. Além de empreiteiras e gigantes dos ramos de bebida e alimentos, o ranking das empresas que mais doaram têm empresas de telecomunicações (como a Telemont), do ramo hospitalar (Hospital 9 de Julho) e bancos (como o Safra).
Para Cláudio Abramo, diretor executivo da Transparência Brasil, a distância financeira entre os maiores e os menores doadores confere um poder desequilibrado de influência das grandes empresas sobre os candidatos que venham a ser eleitos. “Essa é uma das principais deficiências do sistema brasileiro de financiamento eleitoral: a inexistência de um teto absoluto para as doações que uma empresa pode realizar abre as portas para o que se pode literalmente chamar de compra de influência sobre os candidatos.”
A ONG não é contra a doação de empresas a políticos ou partidos, mas defende maior controle sobre as contribuições. Para Abramo, se houvesse limite para o total que uma empresa ou pessoa física pudesse doar, a distância entre os maiores e os menores se reduziria drasticamente, o que reduziria o poder de influência dos gigantes.
Fernando Filgueiras, professor de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), concorda. “Não devemos esperar, por parte dos doadores de campanha, inocência ou endosso entusiástico a esta ou aquela campanha. O que doadores esperam é poder de influência sobre decisões políticas e no formato das políticas publicas”, observa.
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