São cinco placas diferentes. A que fala mais diretamente sobre eleição diz: “Não vote com fé. Use a razão”. A frase é acompanhada do desenho de uma cédula de votação com a imagem de uma cruz, símbolo cristão, sobreposta por um círculo vermelho cortado, que significa “proibido” na lei de trânsito. Outro outdoor exibe “Ateus, somos 2 milhões de eleitores”. A campanha também questiona a presença de símbolos cristãos em prédios públicos, como o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. “Sua religião não é nossa lei”, diz outra placa.
A campanha surge após os principais candidatos a presidente - Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) - terem iniciado uma série de visitas a líderes religiosos. Os três já se reuniram com o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), d. Raymundo Damasceno. Dilma também esteve com o bispo Edir Macedo, na inauguração do Templo de Salomão, sede da Igreja Universal do Reino de Deus em São Paulo.
Aécio esteve com o pastor José Wellington Bezerra da Costa, presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil. Marina, que é fiel da Assembleia de Deus, levou Eduardo Campos, que morreu num acidente aéreo no dia 13 de agosto e de quem era candidata a vice, para um encontro com pastores em São Paulo.
“A laicidade do Estado vem se deteriorando”, diz o presidente da Atea, Daniel Sottomaior. Ele afirma que, entre os cerca de 13 mil associados, há eleitores dos três concorrentes. Mesmo assim, critica o “périplo” dos candidatos pedindo apoio de religiosos. “Apoio não é de graça. Eles estão apoiando, esperando retorno, com doações ou financiamento de eventos religiosos.” Outra retribuição, diz, é no apoio a projetos da bancada evangélica, como os que envolvem temas como aborto e direitos gays.
O presidente da Atea diz não orientar o voto de seus associados, mas afirma que a candidata do PSB “deu um passo a mais” do que Dilma e Aécio no sentido de confundir Estado com religião. Segundo ele, o comportamento da petista e do tucano não foge do usual. “Beijam a mão de todos os cardeais.” Marina, no entanto, se destaca porque “é difícil saber qual é a linha dela”. As informações são do jornal
.