O depoimento, marcado para a tarde de hoje, será precedido por uma reunião do presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), com os demais integrantes da CPI Mista. O encontro foi pedido por Bueno, que pressiona o colegiado a solicitar ao Ministério Público e à Polícia Federal cópia do depoimento de Paulo Roberto Costa, sob a égide da delação premiada. Nele, o ex-diretor da Petrobras lista uma série de senadores e deputados que teriam recebido propina da estatal. Integrantes da CPMI também querem ouvir Costa novamente.
Bueno defende que, caso as denúncias contra esses parlamentares – que incluem os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) – sejam confirmadas, os casos devem ser encaminhados aos respectivos Conselhos de Ética. Um dos citados no depoimento de Costa, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), encaminhou carta ao juiz Sérgio Moro, que investiga o caso, dizendo-se perplexo e indignado com as acusações do ex-diretor da Petrobras e que renunciará ao mandato caso surja qualquer evidência de relacionamento entre ele e Paulo Roberto Costa. A exemplo do senador Cícero Lucena (PSDB-PB), Nogueira vai exonerar o servidor que teve passagens aéreas pagas pelo doleiro Alberto Youssef.
Não é apenas a oposição que deseja ter acesso à integra do depoimento de Paulo Roberto Costa. O ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, pediu ontem ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acesso às informações da delação premiada, já que elas seguirão diretamente para a PGR, sem passar pelo crivo do juiz Sérgio Moro. Na segunda-feira, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, havia enviado solicitação à Polícia Federal para obter o teor da delação, a pedido da presidente Dilma Rousseff. Os dados estão em segredo de Justiça.
No ofício, Hage alega que a CGU já tinha obtido autorização do juiz federal Sérgio Moro para o compartilhamento de informações do inquérito da Operação Lava a Jato. Hage reitera, porém, ser necessária nova autorização por se tratar de depoimento prestado por acordo de colaboração. Para o ministro, o teor do depoimento auxiliará nas investigações em andamento pela CGU.
No Planalto, a ordem é aguardar mais informações, já que, até o momento, a avaliação é de que a divulgação de nomes sem a devida responsabilização de cada um deles torna a denúncia vaga.
Tentativa de fuga
Quatro acusados da Operação Lava a Jato – investigação sobre lavagem de R$ 10 bilhões e corrupção na Petrobras – tentaram fugir no dia 3, segundo relatório elaborado pelo Departamento de Execuções Penais da Secretaria de Justiça do Paraná. Segundo o relatório de um agente penitenciário, Carlos Habib Chaper, Rene Luiz Pereira, André Catão de Mirada e André Luiz Paula dos Santos, investigados pela Polícia Federal, pediram para “melhorar a ventilação” de uma viatura em que eram conduzidos, logo após uma audiência na Justiça Federal em Curitiba.